Karen Blixen foi uma escritora renomada dinamarquesa no século XX, conhecida pelo livro Out Of Africa, lançado sob o pseudônimo de Isak Dinesen. A obra conta sobre a vida da escritora no Quênia, onde morou por 17 anos, cuidando de uma fazenda de café. Blixen foi casada com o barão Bror von Blixen-Finecke, mas pela infidelidade do marido teve o piloto britânico Denys Finch Hatton como amante. Em 1931, a escritora voltou para a Dinamarca após o divórcio com o barão e a trágica morte do piloto.
O Pacto, dirigido por Bille August, conta a relação de Karen Blixen (Birthe Neumann) com o jovem poeta Thorkild Bjørnvig (Simon Bennebjerg), anos depois do retorno da escritora da África. Blixen manda uma carta a Bjørnvig o convidando para visitá-la em sua residência em Rungstedlund, na Dinamarca. Entretanto, após o encontro, os dois criam uma relação de confiança e estabelecem um pacto de proteção, em que o jovem preza pela saúde da companheira e a experiente autora ajuda o poeta a alavancar sua carreira.
A ótima personagem de Karen Blixen
O ponto alto do filme é a personagem de Karen Blixen, que se mostra uma figura com muitas camadas e cicatrizes do trauma de sua vida. A obra frequentemente deixa em aberto o real estado de saúde mental da escritora e o quanto isso afeta em sua personalidade manipuladora.
Como descrita por uma outra personagem no filme, o aspecto de “bruxa” é instigante e carrega um ar profético, para o bem ou para o mal. Ao longo da obra, a personagem vai entrando na mente de Bjørnvig e na do espectador de forma muito bem construída, estabelecendo uma linha narrativa muito forte.
Altos e Baixos de O Pacto
Por ser uma obra sobre escritores, o filme frequentemente traz referências a outras figuras da literatura e filosofia como Heiberg, Goethe e Nietzsche. Com isso, o espectador médio pode se pegar perdido no diálogo. Porém, o roteiro não se apoia nessas menções, permitindo o entendimento da narrativa, apenas com alguns “buracos” pequenos.
Os aspectos técnicos do filme são muito bem tratados. A fotografia sensível perante a temática do filme encaixa muito bem, assim como a trilha sonora que estabelece o clima adequado para a história e seus personagens.
Apesar de tudo, a montagem peca bastante. A narrativa interessante muitas vezes é arrastada e quase entediante. As histórias secundárias não são nem de perto tão empolgantes quanto a da personagem de Karen Blixen, então quando o filme foca em outro núcleo, a má vontade com os personagens coadjuvantes vem junto.
No produto final, O Pacto desperdiça um pouco de seu bom potencial. O roteiro pouco dinâmico atrapalha alguns aspectos do filme. Porém, no geral, traz um material interessante sobre uma figura bastante conhecida com uma produção muito competente.
Enfim, O Pacto estreia dia 7 de abril nos cinemas brasileiros.
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