“Quantas perdas cabem na vida de uma mulher?”. É muito rápido entender o assunto que será tratado no livro, a orelha escrita pela historiadora, Micheliny Verunschk, já começa com essa frase esclarecedora e cruel. “O Peso do Pássaro Morto” é um romance em prosa da escritora contemporânea, Aline Bei, que venceu o Prêmio São Paulo de Literatura em 2018.
“O Peso do Pássaro Morto” fala das perdas de uma mulher ao longo da sua vida. Ao lê-lo, acompanhamos a passagem dela pelos seus 8, 17, 18, 28, 37, 48, 49, 50 e 52 anos de idade. A escritora não dá um nome a mulher, mas a narração vem da personagem. O fato é que isso nos aproxima e nos permite sentir que somos e vivenciamos todas essas perdas com ela.
A história
Durante a leitura, uma pergunta: “Pode existir o belo na tristeza?”. No livro de Aline Bei sim. Ela conta uma história triste, muito triste e forte. É denso e, sobretudo, bonito. Nele, passamos por mortes, violência sexual, maternidade e solidão. É possível refletir sobre inúmeras questões da vida, sobre nós mesmos e a nossa relação com o outro. Tudo isso com uma leveza que só Aline poderia ser capaz de escrever. Ao assistirmos apenas 15 minutinhos de alguma entrevista com ela, podemos notar que essa simplicidade e precisão para a contação de uma história está inserida não apenas no seu ofício, mas na sua vida.
A condução da narrativa consome o leitor e faz encher aquelas folhas de palavras como as de um livro de poesias. É emocionante, constrangedor e provocante do início ao fim. A leitura pode durar uma tarde, sem pausas. Se houver interrupção, que seja para o respiro depois de conseguir sentir na pele a angústia de uma mulher desde a infância até a sua maturidade. Em “O Peso do Pássaro Morto” vemos claramente que a vida acontece a cada segundo e olhar e entender quem está ao nosso lado é uma necessidade.
Sobre a escritora:
Aline Bei nasceu em São Paulo, em 1987. É formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e em Artes Cênicas pelo Teatro Escola Célia Helena. Além de “O Peso do Pássaro morto”, a escritora lançou o e-book “Rua Sem Saída” disponível na Amazon e publicou o folhetim “Crianças de Beirute” para o Sesc Pompeia.
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