Mais uma semana de quarentena e mais uma programação semanal do Met. Dando continuidade às noites de ópera, o Metropolitan Opera House, Met para os íntimos, liberou a nova programação, e ela está ótima! No último dia 30, infelizmente, a tradicional casa de ópera de Viena encerrou os streamings gratuitos. Isso diminuiu a quantidade de streamings diários disponíveis. Mas o Met permanece firme com as óperas diárias e nos oferece uma grande programação com excelentes opções. Então, vamos à programação semanal :
La Boheme – 06/07
Segunda é a vez da queridinha ópera de Puccini, que possui um libreto cativante e faz muito sucesso entre todos os públicos, desde os iniciados até os novatos. Além da música que é sempre excelente de Giacomo Puccini, La Boheme traz aos palcos a vida de artistas boêmios do século XIX. A trama se passa em 1830 na cidade de paris e ilustra a vida de artistas pobres e boêmios na capital francesa. Teve sua primeira exibição em 1896 e tem grande influência até hoje, chegou até a inspirar o famoso musical Rent, que é uma espécie de adaptação da ópera situando a história em Nova York com as mazelas da pobreza, e da epidemia de Aids. Essa montagem tem assinatura do famoso diretor Franco Zeffirelli, que vem reafirmar o protagonismo da obra como ópera mais encenada na história do Met.
Il Trovatore – 07/07
Verdi é um clichê operístico, assim como suas obras, que são muito encenadas no mundo todo. Sou suspeito, pois O trovador foi a primeira ópera que vi na vida, quando foi encenada na reabertura do Theatro municipal do Rio de Janeiro em 2010, que ficou fechado por um longo período. Por isso guardo-a com muito carinho. Nessa noite de terça feira a ópera da vez é uma montagem de 1988 e conta com a presença de ilustres vozes: Éva Marton, Dolora Zajick, Sherrill Milnes e o tenor Luciano Pavarotti. Trata-se de uma ópera , um compositor e um elenco não só clássico, mas imperdível.
Così Fan Tutte – 08/07
Uma das últimas óperas de Mozart, com Libreto de Lorenzo da Ponte, que foi libretista das famosas óperas “As bodas de Fígaro” e “Don Giovani”. Così Fan Tutte, estreou em 1790 em Viena, porém só veio a ser considerada obra prima no século XX. Porque a ópera continha um cinismo que deixava o público desconfortável, pois trazia a tentação da infidelidade, mas por parte de mulheres, diferentemente de Don Giovanni, onde isso não foi um problema para o público, pois a tentação da infidelidade partia de um homem. A ópera traz uma visão de amor romântico desgastado e satirizado, além da sempre genial música de Mozart, que transita entre gêneros.
Francesca da Rimini – 09/07
Melodrama italiano que estreou em 1914. É praticamente a única ópera encenada do compositor Ricardo Zandonai. Mesmo assim, essa montagem, que é de 2013, foi a primeira no Met em 25 anos. O título é um importante representante do verismo, que foi uma corrente literária da Itália que teve desdobramentos na ópera. Marcado pelo realismo, o verismo recusa os temas históricos, fantásticos, ou míticos do romantismo, dando preferência às mazelas do dia a dia e temas sociais. Por ser uma obra não tão frequente no repertório mundial, é uma boa oportunidade para conhecê-la, pois não se vê todos os dias.
Eugene Onegin – 10/07 um
Ópera mais significativa do repertório russo e de um dos compositores mais importantes da história da Rússia, Piotr Tchaikovsky. Estreou em Moscou em 1879, e essa montagem deu início à temporada de 2013 do Met. É baseada no romance homônimo do escritor Alexander Pushkin, publicado em 1831. A música de Tchaikovsky é sensível e reflete um momento delicado de sua vida marcado por grande sofrimento . O papel de soprano Tatiana fica a cargo da cantora Anna Netrebko e o papel título de barítono, quem interpreta é Mariusz Kwiecie?.
Madama Butterfly – 11/07
Novamente uma ópera de Giacomo Puccini. O italiano foi muito prolífico e assim se destacou no concorrido território da ópera italiana. Viveu em um grande momento da ópera, o final do século XIX e Madama Butterfly foi um dos pontos altos de seu legado. Com estreia em 1904 no prestigioso Scala em Milão, a obra traz a trágica história de um tenente da marinha que se apaixona por uma gueixa no Japão. É outro exemplo operístico do verismo. Essa montagem foi um clássico instantâneo desde sua estreia em 2006 no Met, pois cria um lindo e simbólico visual da tradicional cultura japonesa e destaca a música de Puccini.
Tristan und Isolde – 12/07
Pela segunda semana consecutiva, a escolha do público foi uma montagem de uma ópera do controverso e complexo compositor alemão Richard Wagner. não é uma coincidência. Mais uma vez Wagner traz sua épica visão de uma lenda medieval europeia com toques autobiográficos. As obras do alemão costumam ser longas, complexas, emocionantes e com finais apoteóticos, e essa não é uma exceção. Com certeza vale dar uma chance para se entrar no universo Wagneriano, e, quem sabe, preparar-se para eventualmente encarar o longo ciclo do Anel, obra prima de Richard Wagner.
Além das óperas, o Met disponibiliza em seu site os programas das montagens (playbill) e diversos textos e materiais extras que complementam a experiência. O material é somente em inglês, mas é de muito boa qualidade e acrescenta muito. Todo esse material encontra-se no link abaixo:
Royal Opera House
Apesar de ser uma programação bastante tímida se comparada à programação semanal do Met, o Royal Opera House oferece também algumas obras para aproveitarmos. De ópera, foi disponibilizada a já mencionada acima La Bohéme de Puccini. Assim fica aqui uma outra montagem para os que se interessaram pela linda e trágica história dos boêmios franceses e da cativante Mimi. Além disso entrará também em cartaz no canal do Youtube alguns balés, que serão sempre disponibilizados às sextas feiras no canal. As obras serão : Romeo and Juliet (10-07) The Royal Opera’s Faust ( 17-07) e The Royal ballet’s Sleeping Beauty( 24-07). Em tradução para o português: Romeu e Julieta, Fausto e A bela adormecida.
São muitas opções para todos os gostos! A quarentena continua sendo um ótimo momento para adentrar o fantástico mundo da ópera! Ver e rever diferentes montagens. Aprender a distinguir a tradição italiana, alemã, russa ou francesa. Mostrar aquela filmagem do Pavarotti para a vovó que é fã do tenor, ou simplesmente curtir uma música enquanto trabalha ou cozinha. Esperamos que o Met continue oferecendo essas belas montagens todos os dias enquanto durar a quarentena, e continuarmos afastados dos palcos. Porque assim fica mais fácil continuar o isolamento.
Lembrando que os links são liberados diariamente no instagram do Met: