Cinema
Samba, memória e história: Mimo Festival 2019 no Cine Odeon
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4 anos atrásem

O Mimo Festival é um encontro de cinema, música e poesia nascido em 2004 e que já passou por várias cidades brasileiras e até pela cidade de Amarante, em Portugal. Neste final de semana, o Mimo Festival está no Rio de Janeiro com uma programação diversa em pontos como o Museu da República, Fundição Progresso e Parque das Ruínas. No tradicional Cine Odeon, especialmente, há exibição de filmes com a temática da música brasileira.
Não foi por acaso que no sábado (30/11), o Mimo Festival recebeu no Cine Odeon dois filmes que trataram do samba em diferentes contextos. Ainda que o ritmo seja conhecido dentro e fora do país, sempre existem aspectos pouco abordados pela mídia. Um deles é a participação feminina nas rodas de samba e nas agremiações. Devido ao machismo, até hoje as mulheres sambistas sofrem com preconceito. Sob essa ótica, o curta-metragem “Procuram-se Mulheres” abriu a sessão das 18 horas.
A diretora Rozzi Brasil deu voz às mulheres do samba com seu curta presente no Mimo Festival. “Fiz isso sem um tostão por causa de uma iniciativa social de ensinar audiovisual numa escola de samba”. Rozzi foi aluna do projeto Por Telas da escola de samba Portela. Já na tela do cinema, instrumentistas, cantoras e compositoras mostraram seu vasto repertório de histórias. Elas contaram situações de discriminação que sofreram por parte de homens em suas trajetórias dentro do samba. O curta, inclusive, dá uma pequena amostra do talento dessas mulheres musicais.
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As Mulheres Sambistas
Enfim, as mulheres sambistas encontradas por Rozzi, inicialmente através das redes sociais, formaram um grupo para a disputa de samba-enredo da Portela: o “Samba das Guerreiras Presente”. Os 17 minutos do filme exibido no Mimo Festival provaram que as mulheres não estão satisfeitas com o invisibilidade provocada pela sociedade machista. Com certeza, as guerreiras continuarão a lutar dentro e fora do samba.
Logo após a exibição do curta, ocorreu o lançamento do documentário “Sambalanço, a Bossa que Dança” no Mimo Festival. Com direção de Fabiano Maciel e roteiro do jornalista Tárik de Souza, o filme traz à tona uma variante do samba que surgiu em paralelo com o famosa Bossa Nova nos anos 60. Embora tenha influenciado nomes conhecidos da música como Elza Soares, Jorge Ben e Wilson Simonal, o Sambalanço nunca teve antes sua história contada com tamanha riqueza de detalhes.
“A principal diferença entre o Sambalanço e a Bossa Nova é o balanço. A Bossa Nova era para ouvir, banquinho e violão e o Sambalanço era uma música essencialmente de baile e de boate, com órgão Hammond e a percussão latina misturada com o samba”, define o roteirista Tárik de Souza.
As Parcerias do Sambalanço
O grande protagonista do documentário é o cantor e compositor Orlandivo. Ele narra com maestria as parcerias do Sambalanço: Ed Lincoln, Djalma Ferreira, Miltinho, João Donato, João Roberto Kelly; são diversos nomes de peso na música brasileira. Outro ponto de destaque é o relato do compositor e humorista Paulo Silvino que conta os conflitos com Carlos Imperial por autoria de canções.
Ao retratar o frenesi gerado pelos bailes de Ed Lincoln, o filme aborda a relação da juventude com a música em tempos muito anteriores à internet. Os bailes começaram em clubes da Zona Norte e passaram depois para o Hotel Glória tornando-se ponto de encontro dos jovens da Zona Sul. De acordo com entrevistas do documentário exibido no Mimo Festival, eram vários bailes por semana e o tempo no palco levava os músicos à exaustão.

Samba do Balanço
Para quem perdeu a sessão do Mimo Festival e quer saber ainda mais sobre o movimento musical, pode conferir o livro “Sambalanço – a bossa que dança – um mosaico”. Segundo o autor, Tárik de Souza, o livro que foi lançado em 2016 é um projeto conjunto com o filme. O documentário “Sambalanço, a Bossa que Dança”, por sua vez, é uma porta de entrada para que as novas gerações conheçam músicas dançantes e atuais.
O roteirista do filme presente no Mimo Festival Tárik de Souza lembra que a cantora Roberta Sá e o rapper Marcelo D2 regravaram a canção “Samba do Balanço” (Haroldo Barbosa e Luís Reis). A genialidade do Sambalanço está em unir as características mais alegres do samba com uma pitada de outras influências latinas e jazz resultando em um ritmo alucinante. Por isso, apesar de seu longo tempo de trajetória, o Sambalanço sempre será atual.
Jornalista, amante da artes que gosta do Rio de Janeiro apesar de tudo.

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Crítica | Transformers: O Despertar das Feras
Sétimo da franquia é mais do mesmo, mas superior a outros
Publicado
2 dias atrásem
7 de junho de 2023
O início de Transformers O Despertar das Feras (Transformers: Rise of the Beasts) é frenético, com uma boa batalha. Em seguida, conhecemos os protagonistas humanos, que são mais cativantes do que de outros filmes. O rapaz latino Noah Diaz (Anthony Ramos) e seu irmão (Dean Scott Vazquez), o qual serve mais como uma metáfora para o espectador. E a divertida Dominique Fishback, como Elena Wallace.
Nessa primeira parte do filme há algumas boas críticas, como o fato de Elena ser uma estagiária e saber muito mais que sua chefe, porém, sem levar nenhum crédito por isso. Enquanto Noah tem dificuldades de arrumar um emprego. Há aqui uma relevante abordagem sobre periferia (Brooklyn) ao vermos alguns dos desafios da familia de Noah, o que o leva a tomar decisões errôneas. A princípio, é um bom destaque essa caracterização dos personagens, em especial, favorece o fato da história se passar em 1994.
Dessa vez, o diretor é Steven Caple Jr., o qual não tem a mesma capacidade de Michael Bay para explosões loucas e sequências de ação. Steven faz sua primeira participação nesse que é o sétimo filme dos robôs gigantes. Ele era fã de Transformers quando criança e procura mostrar os Maximals (Transformers no estilo animal) de uma maneira autêntica.
Aliás, veja um vídeo de bastidores e siga lendo:
O público alvo do longa é o infanto-juvenil, que pode se empolgar com algumas cenas. Contudo, no geral, o roteiro é um ponto fraco. O Transformer com mais destaque aqui é Mirage, que fornece os instantes mais engraçados da história e faz boa dupla com Noah.
Além disso, as cenas no Peru e a mescla de cultura Inca com os robôs alienígenas é válida, com alguma criatividade e algumas sequências tipo Indiana Jones. Há muitas cenas em Machu Picchu e na região peruana que são belíssimas e utilizam bem aquele cenário maravilhoso. Vemos, por exemplo, o famoso festival Inti Raymi em Cusco, antiga capital do Império Inca, o qual o longa usa com alguma inteligência. Pessoalmente, essas partes me trouxeram lembranças pelo fato de que já mochilei por lá (veja abaixo), então aqui o filme ganhou em em relevância pra mim.
O longa se baseia na temporada Beast Wars da animação e traz o vilão Unicron, um Terrorcon capaz de destruir planetas inteiros. Na cabine de imprensa, vimos a versão dublada, a qual ajuda a inserir no contexto dos anos 90 com gírias da época.
Por fim, dentre os filmes dessa franquia que pude ver, esse sétimo está entre os melhores, apesar de ser somente regular, e conta com momentos divertidos. Além disso, a cena pós-crédito (só há uma) promete um crossover com muita nostalgia, Transformers: O Despertar das Feras chega aos cinemas de todo o país na próxima quinta-feira, 8 de junho.


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