Depois de muita espera, finalmente chega aos cinemas Star Wars: A Ascensão Skywalker, dividindo opiniões entre os fãs e críticos. A princípio, entendo quem não gostou do nono episódio da saga. Aliás, enumero alguns aspectos negativos abaixo, mas acabo ficando do lado dos que se emocionaram, pois este episódio possui acertos também. O filme é bom, porém, seu maior problema é o clichê reciclado, que desagrada algumas pessoas porém. Quando bem usados os clichês podem acabar funcionando e empolgando. A todo momento somos bombardeados com referências sobre os outros oito filmes da franquia e temos aparições de muitos personagens queridos.
Se por um lado os fãs buscaram nos novos filmes algo em comum com a saga clássica, A Ascensão Skywalker talvez peque pelo exagero da tentativa de se conectar sempre. Assim como o enredo de O Despertar da Força (2015) nos lembra muito o de Uma Nova Esperança (1977) ao nos apresentar um herói e suas motivações para se rebelar contra o sistema, neste novo episódio também enxergo uma certa familiaridade com O Retorno de Jedi (1983), filme que encerra a trilogia clássica, onde o herói já aceitou o fardo de ser herói porém ainda luta contra o passado. Dramas clássicos dos heróis que tanto Rey quanto Luke Skywalker enfrentaram.
O roteiro do novo filme não é ousado por medo de ser rejeitado pelo grande público e pelos fãs mais conservadores mas ao mesmo tempo vejo um certo respeito a saga original pois é um final muito parecido com o que eu imagino que o George Lucas teria feito. O filme provoca sentimentos bem ambíguos, talvez isso explique a aceitação do público estar bem dividida.
Ação e explosões com J.J. Abrams
J.J. Abrams após O Despertar da Força volta a direção trazendo novamente movimento, uma de suas marcas. A Ascensão Skywalker é um filme de ação com muitas explosões, muita movimentação de câmera, muitas lutas com sabre de luz, muitos momentos de tirar o fôlego. Apesar de longo, o filme flui bem por pouco mais de duas horas e meia de duração, porém dá para perceber os problemas no processo da concepção do roteiro talvez agravados em 2016 com a precoce morte de Carrie Fisher.
As mudanças foram inevitáveis. Apesar de tudo, no episódio IX, a princesa Leia é um personagem importante pelo elo nostálgico com a trilogia clássica e para a conclusão dos treinamentos de Rey (Daisy Ridley). Dá para perceber que a Léia iria participar muito mais no episódio 9 mas ficou uma lacuna, principalmente sobre as resoluções dos problemas familiares com seu filho, Kylo Ren (Adam Driver).
Sobre pessoas
A enxurrada de respostas que recebemos ao assistir A Ascensão Skywalker é para dar um final definitivo para a saga iniciada em 1977. Indubitavelmente, o filme responde muitas perguntas importantes, o que dá essa cara de conclusão misturado com clima de despedida. Contudo, apesar de todos os problemas, o elenco está entrosado, os personagens convencem em ter intimidade e simpatia um pelo outro o que ajuda a costurar uma ideia muito comum nas histórias de J.J. Abrams: Star Wars é sobre pessoas, assim como Lost?
Star Wars sempre foi sobre relacionamentos familiares, amizade, redenção, a luta entre o bem e o mal, autoconhecimento, busca de identidade. Ou seja, todo o drama do teatro grego, só que no espaço. E neste novo filme não é diferente. Diferentemente de Lost, em Star Wars: A Ascensão Skywalker, há uma tentativa de não deixar pontas soltas. Claramente o plano da Disney é cada vez mais explorar o universo de Star Wars com histórias originais, sem muita participação de George Lucas no futuro.
J.J. Abrams escolheu seguir o caminho seguro da emoção para tocar o público e funcionou pelo menos comigo, me emocionei em diversos momentos. A cena final é linda, representa como no universo de Star Wars todos os seres são os mesmos e estão conectados pela força.