O cordel sempre recontou histórias da tradição oral e as lendas de diferentes matrizes. Entretanto, são poucos os trabalhos neste sentido em relação à África e suas tradições mais remotas. É por este motivo que, para o Dia Mundial do Livro (23 de abril), acontece o lançamento “Uagadu – Uma odisseia africana”, publicado pela SESI-SP Editora e que chega às livrarias neste mês.
Escrito por reconhecidos cordelistas brasileiros, Marco Haurélio e Arlene Holanda, Uagadu destaca quatro contos da África, transformadas em cordel com base em registros oficiais do arqueólogo e importante nome na etnografia alemã, Leo Frobenius, que trazem revelações surpreendentes e provocadoras do povo soninquê, base do Império de Gana.
Histórias de homens em suas buscas, enfrentando seus medos e tendo as forças testadas. São lendas de inimigos que precisam ser vencidos – estes por vezes habitam nosso ser e com ele se confundem.
Contos em cordel que se completam sem perder sua individualidade e força, com textos independentes: A canção de Gassire, O tabele mágico, A grande serpente Bida e Samba Gana, que propiciam ao leitor um maior conhecimento sobre os seres humanos e as odisseias de cada um.
Soninquê
Este é um livro que tem o fim que cada um espera dele. Voltado principalmente para o público infantojuvenil, é uma leitura inusitada e que descontrói o estereótipo africano. É uma magia perdida e reencontrada como Uagadu, a cidade dos soninquês.
A saber, o povo soninquê é de origem mandê. De acordo com as poucas e imprecisas fontes sobre a história da África negra, teria vivido na região que compreendia terras dos atuais países de Nigéria e Gana. Fundou pequenas cidades, que, desde o século IV, sofreram um processo de unificação, provavelmente uma estratégia nas guerras com povo nômades, que acabaram por se mesclar à população nativa. Em seguida, no século VIII, a região já era conhecida como Império de Gana. Antes do advento das invasões de povos oriundo do Magrebe, os soninquês chamavam sua região de Uagadu.