No dia 1º de outubro os cinemas reabriram na cidade do Rio de Janeiro. Segundo os dados oficiais, as taxas de contaminação na cidade estavam caindo, assim a prefeitura correu para liberar o comércio não essencial e turismo. Do último dia 29 eu pude ir ao cinema como um cliente normal, não como crítico numa cabine, e pude ver em primeira mão como essa reabertura está acontecendo.
Antes de mais nada, um pouco de contexto. Moro na Ilha do Governador, uma das regiões administrativas do Rio de Janeiro, e aqui só tem um cinema, o Cinesystem dentro do shopping local. A programação dessa rede foca primariamente em blockbusters, filmes de terror, animações pop e comédias nacionais. Felizmente pude ver Tenet usando um ingresso-cortesia que recebi pelo meu aniversário.
A volta às salas de cinema
Primeiro, chequei as sessões e, continuando com a minha regra de não ver filmes dublados, peguei a primeira opção legendada. Durante a tarde eu chequei as cadeiras ocupadas e notei que teriam outras 6 pessoas numa sala para 279. O distanciamento potencializado pelas cadeiras bloqueadas a sua volta (2 de cada lado e mais a da frente e a de trás). Isso foi bem interessante, visto que limita muito a audiência numa sala que já não é muito grande. Esse distanciamento forçado, junto com o ar condicionado na ventilação máxima, álcool em gel e uma equipe prestativa foi o suficiente para mostrar que eles estão preparados para lidar com essa reabertura.
Assim, resta acreditar no bom senso de quem está na sala de cinema. Não tirar a máscara, higienizar as mãos, manter a distância, não trocar de assento. Tudo isso é a parte do cliente e não do cinema. Dei sorte em ficar sozinho numa fileira bem no meio e de não ter ninguém próximo num raio de pelo menos 10 metros. Infelizmente ainda foi um risco grande que passei. Apesar do cinema vazio, o resto do shopping não estava da mesma forma.
Indo um pouco mais a fundo, o Cinesystem parece estar passando pelos problemas de sempre. O som estava absurdamente alto até que alguém foi reclamar e a imagem não parava de tremer. Se é algum problema na regulagem do projetor ou de equipamento quebrado não tem como saber, mas era muito irritante. Ter que voltar outro dia para ver de novo era pior do que sentar até o final, por isso preferi ficar. Mesmo assim, esses problemas não são novos, há mais de 8 anos que vou naqueles cinemas e os mesmos problemas se repetem.
Um aviso
No fim, ir ao cinema é responder a uma pergunta: vale ou não colocar a minha vida em perigo por um filme? Ainda acho que a resposta é não, posso ter dado sorte, mas nem todos podem dizer o mesmo. Seu cinema pode ser maior ou menor, numa região mais habitada ou menos, você pode pegar uma sessão mais cheia ou ter a telona só para si, mas não se engane, ainda não é a hora de voltar aos cinemas. A indústria está pressionando com muita propaganda junto do governo, mas sua vida vale mais do que 2 horas de fuga.
*Este texto não foi pago nem patrocinado pela rede Cinesystem. As opiniões exprimidas aqui são única e exclusivamente fonte do autor deste texto e não necessariamente são as mesmas do veículo Vivente Andante.
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