O MU.ITA (Museu Itamar Assumpção) traz a vida e a obra do artista que marcou gerações. Fundado na última sexta-feira, 20, pela família de Itamar Assumpção, ele é o primeiro museu virtual de um artista negro brasileiro. Sua importância não para por aí, além do acervo primoroso que permeia pela incrível obra do artista, ele também recebe a tradução para Iorubá, a língua-mater nigero-congolesa.
Ao todo são reunidas mais de duas mil obras, entre elas: pinturas, músicas, objetos, fotografia, textos, anotações pessoais, correspondências, jornais, vídeos, figurinos, acessórios originais e muito mais. A experiência é cativante, atraente e os visitantes podem conhecer Francisco José Itamar de Assumpção de forma mais íntima e detalhada, desde as histórias do menino que nasceu em 1940 na cidade de Tietê, no interior de São Paulo, até a repercussão de seus feitos cujas palavras, melodias e pensamentos, seguem até os dias de hoje.
Perspectiva preta e afrofuturista
A narrativa e condução da exposição permanente “AFRO BRASILEIRO PURO” relata fatos históricos, falas de grandes nomes da cultura popular e pensadores negros. Tudo isso sob uma perspectiva preta e afrofuturista guiada pela biografia do compositor, cantor, multi-instrumentista, arranjador e produtor musical, Itamar Assumpção.
O museu traz também a SALA SERENA que, além de ser contemplativa, é também imersiva. O espaço que homenageia Serena Assumpção, sua primeira filha com Zena, é voltado para as pessoas que se dedicam às pesquisas de religiões afro-brasileiras ou americanas e têm canções do disco póstumo “Ascensão” de Serena, lançado em 2016. Na plataforma há ainda todos os álbuns lançados pelo músico, alguns deles foram inclusos recentemente nas plataformas de streaming.
Gilberto Gil cita a importância do MU.ITA
Gilberto Gil comentou sobre a relevância e o merecimento de um museu como este que traz as influências de Itamar, suas manifestações culturais e a história de luta e resistência. Veja um trecho do que foi dito e documentado na exposição:
“O Museu Virtual Itamar Assumpção nada mais é que o reconhecimento da grandiosidade da vida e da obra de um dos mais profundos artistas surgidos entre nós ao longo dessa história de sofrimento, luta e superação do negro na formação do Brasil. “Não me toquem nessa dor. Sofrer vai ser a minha última obra”, ressoam as palavras de Paulo Leminski na voz da melodia audaz de Itamar a escandir seus versos comoventes. Memória preta. Possibilidade negra de existir. Fonte cristalina de fluidos ancestrais. O Museu Virtual Itamar Assumpção está aqui a firmar, a fixar nossos olhos no além-mar que nos trouxe até aqui e que daqui nos levará aonde mais nossa alma negra queira ir. Nossos olhos úmidos dos quais, no dizer da grandiosa parceria entre Ita e Alice Ruiz, “a cada mil lágrimas sai um milagre”, disse Gil.
Itamar Assumpção, vanguardista paulistano
Vale a experiência de conhecer e se aprofundar na vida e obra do artista que já recebeu o título de “Maldito” na década de 80. O apelido foi dado por críticos da época devido a sua veia ousada, irreverente e inovadora. O vanguardista paulistano, um dos principais nomes da música independente do Brasil, construiu uma sólida e premiada carreira. Fez história e hoje deixa a sua marca registrada que poderá ser vista e revisitada pelas próximas gerações.
Exposição “Em Cartaz”
O Mu.Ita convidou o artista visual Dalton Paula para compor a primeira edição da exposição temporária que recebe o nome “Em Cartaz”. Na exposição que ficará disponível até março de 2021, o artista retratou Itamar e Serena após o seu mergulho nas músicas, álbuns de família e explorações poéticas descritas nos cadernos pessoais expostos no museu.
Anelis Assumpção, cantora e filha mais nova de Itamar, é quem assina a direção geral do Mu.Ita. Ela conta com o auxilio de Fernando Teixeira, Ana Maria Gonçalves e Rosa Couto que compõe a equipe curatorial.
Para visitar o museu acesse: www.itamarassumpcao.com
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