No final de julho aconteceu mais uma edição do “Tendências 360”. É um evento anual que busca apresentar as tendências de comportamento e consumo para o Turismo, Gastronomia e Entretenimento, através de entrevistas, painéis e debates com importantes profissionais do Brasil e do mundo.
Continuando a falar sobre este evento (as primeiras parte podem ser conferidas aqui e aqui), compartilho desta vez algumas reflexões trazidas acerca do futuro do turismo.
Saudade de viajar
Um dos painéis trouxe este tema, que é certamente afim a muitos de nós, leitores do Vivente Andante. Afinal, quem aqui não está com aquela saudade de planejar e realizar uma boa viagem, seja para onde for?
Apesar dessa vontade represada de voltar a viajar, é provável que a forma de fazer isso mude para muitas pessoas, tão logo as condições estejam favoráveis para tal. Mas, em que sentido?
Viagens de vingança
Acredita-se que muitos viajantes buscarão maior conexão com os lugares visitados. Ou seja, experiências bem mais profundas com o local e a comunidade, e até mesmo consigo mesmos.
Isso se deve a alguns fatores decorrentes da pandemia. São eles: diminuição do número de deslocamentos aéreos, de ônibus, carros e outros meios de transporte; diminuição do número de idas a aeroportos e rodoviárias, locais onde sempre há uma concentração grande de pessoas.
A previsão acima poderá acontecer mesmo ao considerarmos um cenário futuro com níveis irrisórios de contaminação por Covid-19. Muitas pessoas manterão em suas vidas alguns dos protocolos que aprendemos a seguir desde o ano passado, como o uso de máscaras e o distanciamento social. E distanciamento social está diretamente ligado a se buscar evitar locais com grande concentração de pessoas.
Mas existem outros fatores de ordem mais pessoal, os quais poderão influenciar nas decisões futuras dos viajantes. Um conceito bem interessante apresentado no painel foi o de “viagens de vingança”, que se trata de compensar todo esse tempo no qual não pudemos viajar através de viagens mais intensas no sentido da experiência.
Por outro lado, os setores ligados a serviços deverão estar ainda mais atentos, no sentido de prestar um nível de atendimento ainda melhor a seus clientes. Especialmente no que se refere aos cuidados com higiene e conservação dos espaços (além do atendimento, sempre relevante). Com viagens de maior permanência nos destinos, será ainda mais importante prezar pela qualidade dos serviços, pois o nível de exigência aumentará.
O exposto acima vale desde para o mais modesto hostel até aos hotéis de alto padrão, passando pelos restaurantes, bares, lojas de artesanato e todos os demais espaços que recebem turistas.
Afinal, estamos com saudade de viajar, e não de passar perrengue em viagem, né? (Nota do editor: há controvérsias…)
Viagens para escapar
Outro painel apresentado trouxe este tema, que faz ligação com o que acabamos de ver neste artigo. Muitas pessoas estão cansadas de ficar em suas casas, mantendo uma rotina obrigatória de cuidados. Então, as próximas viagens terão, para muitas delas, essa função de escape, de fuga.
A volta de uma liberdade que nos foi forçadamente tomada durante o período de pandemia, de poder ir a qualquer lugar e nele ficar sem maiores preocupações. Acredita-se que essa tendência atingirá viajantes do mundo todo, assim como destinos turísticos do mundo todo.
Deste modo, o Brasil como destino poderá se beneficiar bastante. Haverá a possibilidade de receber um número maior de turistas internacionais, que estejam buscando experiências mais prolongadas em outros países. Não somente para turismo de lazer, mas também para os que vem sendo chamados de “nômades digitais”.
Bryan Stewart, CEO da Hacker Paradise (uma comunidade internacional que organiza viagens de durações diversas, para profissionais em trabalho remoto que tenham flexibilidade para trabalhar em qualquer lugar), afirma que essas viagens terão um crescimento de demanda de até dez vezes mais. E ele aponta o Brasil com grande potencial, devido ao fuso horário próximo ao de países como Estados Unidos e Canadá, necessário para que profissionais possam trabalhar em tempo real com seus colegas que estão nos países de origem.
Esses exemplos reforçam a tendência de um novo perfil de viagens para o mundo. E acredito que essa mudança será muito benéfica para nós, viajantes, e para os destinos turísticos. Poderemos ter experiências mais enriquecedoras em nossas próximas viagens, que de fato nos marquem internamente e mantenha acesa a chama de querer viajar mais e mais.
Na terceira e última parte dos artigos sobre o Tendências 360 falarei sobre as viagens que fazem bem. Até lá!