O Rei de Staten Island (The King of Staten Island) mostra um homem frustrado na transição para a vida adulta que parece atrasada. Ele utiliza a maconha como um anestésico, uma fuga do mundo real. O filme consegue ser bastante engraçado, em especial com Scott, na atuação de Pete Davidson. Aliás, com algumas caras e bocas e interessante carisma, me lembrou um pouco Jim Carrey em seu começo de carreira.
Marisa Tomei vive a mãe de Scott, na busca que o filho encontre um caminho. Como de praxe, ela entrega muita naturalidade e emoção na medida certa. A saber, todo o elenco está muito bem, desde o infantil até o adulto. Scott é um cara irreverente, tem o dom do riso, mas uma falta de confiança tremenda e o trauma do falecimento do pai quando criança. A maconha parece que deixa tudo mais lento, e ele chega a assumir que fuma por isso, contudo, o tempo passa enquanto ele se mantém estagnado e entorpecido.
Todavia, novos acontecimentos a partir de sua própria inconsequência começam a abrir caminhos para a maturidade tardia. O filme tem direção e roteiro de Judd Apatow, conhecido pela produção de muitas comédias como ‘O Virgem de 40 anos’ e ‘Superbad’. Ou seja, o homem tem experiência com esse gênero e não decepciona. O Rei de Staten Island é um longa-metragem redondo, com roteiro bem amarrado e fechado no que deseja fazer. Apesar disso, poderia ser mais curto, não percebi necessidade de ter mais de duas horas de duração. Entretanto, reitero que soltei boas gargalhadas e fiquei satisfeito com esse filme simples e eficaz em sua cômica metáfora de evolução que busca fornecer lições. Enfim, enquanto há vida, existe tempo para sorrir, para crescer – e encontrar o próprio destino.
Filmaço, o melhor de 2020 e a muito tempo não assistia algo tão incrível.
É bem engraçado, Bernardo.