Mulher no funk é poder! O novo documentário de Mayara Efe, Beat é protesto – O funk pela ótica feminina traz à luz mulheres protagonizando o movimento do funk paulista da última década. A saber, está em exibição na 9ª Mostra Ecofalante de Cinema e também participa do Concurso Curta Ecofalante.
A princípio, o curta-metragem faz um recorte na cena funkeira paulista. Destaca a atuação de mulheres héteros, trans e lésbicas que assumem diversos papéis expressivos. São produtoras, empresárias, dançarinas, cantoras e beatmakers em um meio majoritariamente masculino, tanto no front quanto no backstage. Certamente, é de suma relevância haver visibilidade para um grupo minoritário que também fomenta a indústria.
Para isso, Mayara Efe recolheu relatos de nomes importantes como Juju ZL, Pabllo Vittar, Mc Deyzerré, Renata Prado, Linn da Quebrada e outras. Elas mostram o corre que é ser mulher e estar em função de poder. Além das dificuldades para conseguir valorização do próprio trabalho, como fala a dançarina Pam:
“Se você for um homem e for tentar gravar uma música, você vai conseguir os melhores DJs, você vai conseguir o melhor beat, você vai ter a produção mais cara. Se você for uma mulher, eles não vão levar seu trampo a sério, tá ligado?”
Diálogo
Além disso, há um apelo para que haja um diálogo mais efetivo entre o Poder Público e as comunidades para que os fluxos –bailes nas ruas– ocorram com segurança e sem opressão policial. Inclusive, os fluxos são uma pauta polêmica, pois ao mesmo tempo que geram economia local e oportunidade de empregabilidade, são alvo de reclamações por parte de moradores.
Há também as personagens do documentário contando sua ligação com o funk e definindo-o como um movimento cultural e artístico de grande importância para a periferia e para o cenário artístico num todo. Aliás, para além da diversão dos bailes, o recado dado é do funk como manifesto. Um lugar de fala no qual as mulheres héteros, trans, lésbicas e drag queens podem falar de sexo, rebolar, usar a roupa que quiserem. Ou seja, protagonizar mudanças e fazer a diferença usando os seus corpos como instrumento, como exalta Pabllo Vittar:
“O nosso corpo é o nosso templo e a gente faz dele o que a gente quiser, sabe?”
Afinal, Beat é protesto – O funk pela ótica feminina está disponível on-line e gratuitamente na 9ª Mostra de Cinema Ecofalante até o dia 20 de setembro. Após a exibição, o(a) espectador(a) pode dar nota ao documentário, que está concorrendo ao Concurso Curta Ecofalante.