A Associação Padre Maximino promoveu, no último sábado, dia 25 de julho de 2020, um evento voltado para a união entre seres humanos e a cultura. Foi o início das Tertúlias Padre Maximino, cujo primeiro tema foi Direitos Humanos e Racismo em Portugal. Além disso, o local ofereceu alguns pratos da gastronomia africana, em específico de São Tomé e Príncipe, e um show do músico de Cabo Verde radicado no Porto, Placido Vaz.
Foi ao ar livre e o clima era extremamente agradável naquela tarde. Era possível escutar o canto dos pássaros e a brisa suave evitava o calor e trazia um aroma de natureza. No belo cenário, da Associação Padre Maximino, em São Pedro da Cova, Luís Filipe Guerra, presidente do Observatório de Direitos Humanos (ODH), trouxe diversas estatísticas sobre um assunto extremamente relevante: o preconceito em Portugal. O tratamento dado a ciganos, negros, brasileiros e pobres esteve em pauta, juntamente com o conservadorismo português e a dificuldade da revisão histórica.
A plateia teve a oportunidade de participar com opiniões e depoimentos. Cristina Bernardini, da Atlas Violeta Associação Cultural, brasileira em Portugal há 30 anos, falou de algumas situações que passou, com falas contundentes sobre a necessidade da integração. Portugal tem cada vez mais imigrantes e existe um aumento das denúncias de racismo, principalmente por parte de brasileiros. Na tertúlia, Luís Filipe Guerra, justifica o aumento das queixas que vem ocorrendo pelo fato dos brasileiros terem uma consciência maior de cidadania e de seus direitos.
A salvação vem com os imigrantes
A questão é que a chegada cada vez maior de imigrantes traz ampliação cultural e mudanças evolutivas. A saber, na última década o índice de envelhecimento registrado em Portugal vem crescendo. Por exemplo, em 2006, para cada 100 jovens vivendo em Portugal, havia 112 idosos. Tal valor subiu para 159 em 2018. O que parece mais preocupante, segundo projeções do INE (2014), é a estimativa que em 2060 este número venha a ser bem mais alto, com 307 idosos para cada 100 jovens. Ainda por cima existe o fato de muitos jovens portugueses e pessoas em idade ativa migrarem para outros países da União Europeia em busca de melhores salários. Assim, desde o ano 2000 que o número de idosos ultrapassou o número de jovens em Portugal.
Porém, algo vem ajudando muito a situação portuguesa e fortalecendo a economia. E é exatamente essa entrada de imigrantes em Portugal que permite ao país reforçar os grupos etários mais jovens e em idade ativa, uma das boas consequências é a atenuação do envelhecimento demográfico. Nos últimos anos, de acordo com dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), o número de brasileiros com autorização de residência cresceu muito. Entre 2018 e 2019, por exemplo, houve um aumento de 43%. No total, são quase 151 mil brasileiros. E esses são somente aqueles que estão com autorização de residência já oficializada.
Jovens estrangeiros
Em geral, a população de estrangeiros é tendencialmente mais jovem que a população de nacionalidade portuguesa. A maior parte dos estrangeiros está concentrada onde Portugal mais precisa, na assim chamada idade ativa, ou seja, entre os 20-64 anos (77%). Apenas 9,4% dos estrangeiros tem 65 ou mais anos, enquanto os cidadãos de nacionalidade portuguesa atingem 22%nesse quesito. (Fonte: Observatório das Migrações; C.R. Oliveira e N. Gomes, Indicadores de Integração de Imigrantes 2019. Relatório Estatístico Anual; a partir de dados do INE, Estimativas Anuais da População Residente).
A partir de tais fatos, fica mais complicado compreender esse racismo e o preconceito contra os imigrantes, os quais vem ajudando muito o país. Aliás, o número de imigrantes em Portugal, em 2019, ultrapassou meio milhão. Os brasileiros representam um quarto do total. Em seguida, estão os cabo-verdianos, e os britânicos em terceiro lugar.
Iniciativas como a da Associação Padre Maximino auxiliam muito para a conscientização dos novos tempos em Portugal. Logo após o encerramento da tertúlia, um belo show de Placido Vaz veio para coroar a união entre os povos, indicando a diversidade cultural como elo de ligação. Para saber mais sobre os próximos eventos, visite: www.facebook.com/AssociacaoPadreMaximino