Dirigido por Junpei Mizusaki e Shinji Takagi, Batman Ninja vs. Liga Yakuza abraça o absurdo do anime e do universo da DC, trazendo uma diversão muito superior ao seu predecessor
Em um recente pronunciamento sobre o novo DCU, James Gunn comentou que Batman é a sua maior preocupação dentro do universo, afinal, é o super-herói mais popular do mundo, mais até do que o próprio Superman, o que já diz muito. Se considerarmos as maiores histórias da DC dos últimos anos, todas envolviam o homem morcego em maior ou menor medida, sem apresentar poderes além de “ser rico”, como dito por Ben Affleck em Liga da Justiça (2017, Zack Snyder), as possibilidades para suas histórias são infinitas, sendo explorado de maneiras distintas ao longo de diferentes mídias.
Temos sua versão satírica e auto-consciente em LEGO Batman: O Filme (2017, Chris McKay), temos sua versão mais sombria em O Batman (2021, Matt Reeves), além de outras que abordam mais experimentais, como a do anime Batman Ninja (2018, Junpei Mizusaki), que apesar de ser inferior aos dois citados acima, ganhou uma sequência antes deles, e curiosamente uma produção superior àquela que a originou.
Confira abaixo o trailer de Batman Ninja vs. Liga Yakuza e continue lendo a crítica
Deixando de lado os kaijus gigantes, e o Japão feudal de seu predecessor, a produção segue conceitos explorados previamente no universo DC, incluindo: os planos de contingência que Batman apresenta para cada um dos membros da Liga da Justiça, e a vilania da Ra’s al Ghul, explorado em Liga da Justiça: Torre de Babel (2000, Mark Waid), a “BatFamília” explorado demasiadamente em diversas histórias e adaptações, e o conceito de uma vilania da própria liga, principalmente de Superman, explorado em videogames como Injustice: Gods Among Us (2013, Ed Boon) e em uma tentativa de Snyderverse que jamais será concluída, para continuar a história agora com uma estética bem mais futurista.

Cena de Batman Ninja vs. Liga Yakuza- Divulgação Oficial
Batman Ninja vs. Liga Yakuza é melhor estruturado e com uma gravidade emocional bem superior ao seu predecessor, enfatizo a interação entre Batman e Superman, como uma forma de justificar este ponto. O embate entre ambos já explorado em diferentes mídias, como o conhecido O Cavaleiro das Trevas (1986, Frank Miller), desta vez eleva em primeiro grau o respeito que Batman apresenta pelo Homem de Aço, e em segundo a reflexão sobre como a bondade de Superman está diretamente ligado à sua criação, construindo uma cena grandiosa que atua como esquenta para Superman (2025, James Gunn).
É visível a compreensão que os criadores apresentam em relação ao material original, desde personagens menores como Jéssica Cruz, a lanterna verde, até os mais populares como a Arlequina e Mulher Maravilha, apresentam momentos de brilhar, dentro de uma produção que não poupa esforços para nos lembrar a todo momento que estamos assistindo a um anime, e que devemos lembrar uma coisa muito importante: não se pode levar à sério.
Em certo momento de Batman Ninja vs. Liga Yakuza, Alfred mostra uma sequência que se assemelha a aberturas de programas tradicionais de sábado de manhã como Power Rangers, em outro momento, o filme se interrompe para a Mulher Maravilha, sem contexto algum, cantar uma música de Karaokê sobre amor. Ao invés destas interrupções trazerem desconforto para o público, estes absurdos nos levam ao riso e a uma estética que somente pode existir dentro da produção, nos relembrando não somente que estamos assistindo a um anime, mas que também estamos vendo uma produção baseada em quadrinhos que incluem homens com a cueca por cima da calça, e tudo bem.

Cena de Batman Ninja vs. Liga Yakuza- Divulgação Oficial
Apesar de algumas pontas soltas no roteiro, como a utilização gratuita do Coringa, Batman Ninja vs. Liga Yakuza é uma rápida diversão que se utiliza de diferentes estilos de animação para construir um brega, que é muito bem recebido, apresentando um espetáculo atrás do outro, com cenas grandiosas de batalha, cenas divertidas proporcionadas principalmente pela Arlequina e sua interação com Diana, e cenas lindas como o final com o dragão esmeralda de Jéssica Cruz.
Se somando ao rico lore de produções animadas da DC, Batman Ninja vs. Liga Yakuza entretém os fãs ao proporcionar algo que os fãs de quadrinho sempre apreciam: respeito ao material original, ao mesmo tempo que traz uma nova visão de uma repetida história, aquecendo os motores para o DCU idealizado por James Gunn.
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