Viventes, neste momento de pandemia mundial, sei que poucos estão conseguindo ler algo, muitas preocupações, anseios, dúvidas e incertezas. Mas, na tentativa de mantermos a nossa saúde mental, venho trazer uma dica de leitura. Facilmente encontrado na web para ser adquirido, sugiro o livro “Clube do Filme”, do jornalista canadense David Gilmour – apesar de homônimo, ele não é o guitarrista do Pink Floyd. O livro é editado pela Intrínseca, a história é verídica, autobiográfica e ocorreu com o seu próprio filho Jesse.
Jesse, de 16 anos, não está indo bem no colégio. Só tira nota baixa. Muito rebelde e revoltado. Seu pai, um homem de 50 anos, quando percebe que o filho odeia escola, resolve fazer uma proposta para ele: “Você pode sair do colégio, não precisa trabalhar, nem mesmo pagar o aluguel, mas para isto terá que ver 3 filmes por semana comigo”. Jesse topou na hora, surgindo, assim, o “Clube do Filme”. É importante deixar claro que em nenhum momento David estimula outros pais a usarem a mesma “técnica” com seus filhos.
Crítico de cinema
David Gilmour é crítico de cinema. Tinha um programa de televisão no Canadá, mas à época estava desempregado. David começa a refletir sobre a sua criação. O que poderia ter feito errado. Todos os filmes são escolhidos a dedo. Muitos trazem uma mensagem importante. Outros, nem tanto. Como conhecedor da sétima arte, Gilmour explica cenas interessantes das obras. Conversa e questiona o que o filho entende sobre a arte. Curiosidades são abordadas, bastidores de filmes. Diversos clássicos são abordados como “Sindicato de Ladrões”(1954) “Poderoso Chefão” (1972), “Rocky” (a trilogia), “Caminhos Perigosos” (1973), etc.
Gilmour conversa muito com Jesse sobre o primeiro relacionamento do menino. A relação que o filho tem com o álcool e as drogas e outras temáticas são debatidas. No livro tem um guia de todos os filmes que eles assistem. São 230 páginas que narram três anos desta experiência. O livro é um prato cheio para cinéfilos e também para quem gosta de literatura, ele cita Virginia Woolf, Tolstoi, Silvia Pless. Indubitavelmente, você ficará curioso sobre alguma película abordada na trama de David e Jesse.
Afinal, é um livro sobre relações, papos sobre a vida, relacionamentos, criação, afeto, cumplicidade. Ao longo da jornada, você notará o amadurecimento de David, Jesse e também o seu, que não sairá indiferente desta obra.
“Que educar filhos era uma sequência de despedidas, um adeus após outro – às fraldas, aos agasalhos de neve, depois às próprias crianças. ‘eles passam a vida partindo’, eu falei, e Cronenberg, que também tem filhos adultos, me interrompeu: ‘Sim, mas será que eles realmente partem?” (pag. 225).
Adoro este livro!