As animações dão uma enorme liberdade a seus criadores, as ideias mais absurdas podem ser reproduzidas e nos apresentar mundos inteiramente novos. Se aproveitando disso, Chef Jack – O Cozinheiro Aventureiro introduz um universo onde a culinária rege o mundo e os cozinheiros são também aventureiros. Tudo aqui vai ser uma referência a ingredientes e utensílios de cozinha, inclusive os continentes têm formatos de espátula, panela, etc.
Chef Jack (Danton Mello) é jovem mas já é considerado o melhor cozinheiro aventureiro do mundo. Após passar uma pequena vergonha em Gulodistão ele decide entrar na maior competição gastronômica do mundo para se provar.
Linda como uma salada de frutas
Artur Costa, o criador do longa, certamente se divertiu criando esse universo. Todos os cenários, criaturas, personagens e claro, pratos, são muito bonitos. Chega a dar fome assistindo. A competição chamada de “Convergência de Sabores” acontece nas Ilhas Culinárias. Lá há uma mistura de biomas e culturas que foi muito bem mesclada com a temática.
Em determinado ponto os competidores passam por uma pirâmide Asteca que é o auge da criatividade. Não só por Tiki (Guilhere Briggs), a estátua de pedra falante que propõe um dos desafios, mas por toda a adaptação do cenário e até de eletrônicos. Como tudo foi adaptado, até em momentos que os personagens normalmente usariam uma picareta, é uma batedeira gigante que vai resolver a situação. Típico de animação e usado com sabedoria aqui.
Aliás, veja o trailer, e siga lendo:
Chef Jack confia demais em si e ao mesmo tempo tem um ego frágil. A vergonha que ele passa no começo do filme nem é sua culpa e ainda assim ele acredita que precisa se provar para o mundo. Ele é obcecado pela sua receita de quiche e é com ela que planeja vencer a competição. Sua arrogância é tão grande que ele nem se deu ao trabalho de arranjar um assistente, que era obrigatório para competir.
Seu parceiro acaba sendo o pequeno Leonard, um garoto que sonha em ser como Jack. O menino nunca viveu uma aventura e se vê na maior disputa gastronômica ao lado de sua ídolo. Ele é inseguro mas determinado, e por não ter o ego frágil de Jack, acaba salvando a dupla diversas vezes.
O longa ainda conta com uma boa diversidade de personagens, tanto na quantidade quanto em etnias. Mas não explora tanto os adversários da competição. O filme foi pensado inicialmente como uma série e teve que sofrer com cortes, fica a sensação de que esses personagens seriam mais explorados na proposta original. Ainda assim o diretor Guilherme Fiuza fez um bom trabalho junto de Artur Costa e há uma sequência planejada.
Faltou só uma pitada de sal
Animação é exagero e ele tem que ser visto não só nos cenários mas nos movimentos e até na voz dos personagens. A gravação das vozes foi em cima do animatic – em uma explicação simples é o storyboard animado -, algo normal em animação. Porém teve a pandemia no meio e tudo teve que ser feito remotamente. Isso pode explicar a falta de exagero e animação nas vozes de alguns personagens, muitas vezes fica um diálogo em um tom que não encaixa muito. Fica gritante esse problema quando o personagem do Briggs aparece, já que ele está acostumado a dublar animações sabe exatamente os trejeitos necessários.
Mas é na trilha sonora que está o maior problema do filme. Ela não engaja muito e as letras das músicas são genéricas falando de amizade, sonhos e conquistas. Não dá para sair cantando após o fim do filme porque acaba sendo facilmente esquecível. Em animação esses dois pontos pesam muito e acabaram tirando um pouco do encanto.
Chef Jack – O Cozinheiro Aventureiro já está nos cinemas e é uma boa opção para levar a criançada.
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