“Mil Cortes” (A Thousand Cuts) é um filme que vi no Dia do Jornalista (07 de abril). Recebi o filme antes da estreia no Festival É Tudo Verdade para que escrevesse sobre. Não poderia ter sido um dia melhor. Roteiro, direção e produção do longa-metragem são de Ramona Diáz, a qual mostra o caminho da premiada jornalista Maria Ressa, que luta pela liberdade de imprensa nas Filipinas, que tem como presidente um populista da pior estirpe, Duterte.
Ela lidera a agência de notícias Rappler e dá aula para seus colegas sobre o ecossistema da informação que acontece ali. Um dos temas do longa é a guerra contras as drogas, principal bandeira de Duterte, que oferece vingança ao povo, prometendo matar bandidos e drogados. Alguém que assumiu o poder como um político que se colocava como fora dos sistema, diferente dos outros, e prega a violência.
O presidente começa uma outra guerra, contra o Rappler e seus jornalistas. Aprendemos mais um pouco sobre as fake news e seu poder de desinformação e como uma sociedade pode ser envenenada. A reflexão sobre até onde vai o poder do jornalismo e a importância da prática no mundo saltam na mente do espectador, assim como as possibilidades de opressão e abuso de poder de governantes.
Mais de mil
Sou um jornalista que decidiu seguir pela área cultural, mas tenho muita admiração por aqueles que tem a coragem de andar pelo caminho do jornalismo investigativo e não se amedrontam perante aqueles que buscam calar suas vozes. O nome “Mil Cortes” tem inspiração em uma das falas de Maria Ressa sobre os pequenos cortes que a democracia vai sofrendo até que finalmente morra. Interessante que no mesmo dia em que vi esse filme, voltei a ler um livro que ainda não tinha terminado, “Retrotopia” de Zygmunt Bauman, o qual fala muito sobre as atuais polarizações e as desigualdades que aumentam no mundo. Recomendo.
“Mil Cortes” é uma grande denúncia e um alerta para os tempos em que vivemos e os cuidados que devemos ter para não cairmos em climas trevosos e sem sol.
O filme estreia no dia 10 de abril, às 17h. A seleção do É Tudo Verdade 2021 conta com 69 títulos de 23 países. A programação em streaming de filmes, master classes e debates, estará distribuída pelas plataformas É Tudo Verdade/Looke, Sesc Digital e Spcine Play; no site do Itaú Cultural, no canal do YouTube do Sesc 24 de Maio; no site do É Tudo Verdade; e na TV, no Canal Brasil.