“Minha Irmã e Eu” é um filme que reúne duas das mais famosas comediantes brasileiras, Ingrid Guimarães e Tatá Werneck, sendo dirigidas por Susana Garcia, conhecida por trabalhos como “Minha Mãe é Uma Peça 3” e “Minha Vida em Marte”. Dessa forma, é difícil não criar expectativas de um filme muito engraçado, certo?
A trama gira em torno de Mirian (Ingrid Guimarães) e Mirelly (Tatá Werneck), duas irmãs de Rio Verde, interior de Goiás. Não realizaram o sonho de sua mãe, Dona Márcia (Arlete Salles), de formarem uma dupla sertaneja, e, além disso, seguiram caminhos opostos, vivendo em constante conflito. Mirian, enraizada em sua cidade natal, acostumou-se à rotina tranquila do interior, dedicando-se à família e ao lar, cuidando do marido Jayme (Márcio Vito), dos filhos Jayme Júnior (Jaffar Bambirra) e Marcelly (Nina Baiocchi), e da mãe.
Mirelly, por outro lado, exibe uma vida glamorosa nas redes sociais ao lado de amigos famosos, como a cantora Iza, em um deslumbrante apartamento à beira-mar no Rio de Janeiro. Apesar das aparências, sua vida é uma farsa, com contas atrasadas, morando em um modesto apartamento e trabalhando como cuidadora de animais de estimação de celebridades.
A jornada de “Minha Irmã e Eu”
O retorno de Mirelly a Rio Verde para celebrar o aniversário da mãe desencadeia uma luxuosa festa organizada por Mirian. Contudo, após uma briga entre as duas, Dona Márcia desaparece, levando as irmãs a se unirem em busca dela. A jornada em busca de Dona Márcia as leva por uma aventura pelas estradas do interior de Goiás. Há belas cenas que exacerbam o potencial turístirco da região. Um bom ponto do filme.
Outra coisa boa é perceber no decorrer da jornada das duas o retorno de uma relação saudável, e como a convivência faz com que ambas tenham lições sobre suas vidas e e escolhas, e, posteriormente, valorizem ainda mais a fraternidade e os laços familiares.
Como escrevi logo no início é bastante difícil não criar altas expectativas devido ao grande número de talentos envolvidos. Ainda por cima, há excelentes pequenas participações de Lázaro Ramos, Taís Araújo e Iza. Inclusive, as cenas onde eles aparecem estão entre as melhores do filme. Entretanto, a obra não entrega tudo o que poderia.
Aliás, veja o trailer, e continue lendo:
Em “Minha Irmã e Eu”, tinha a sensação de que o filme não acabava. E olha que não é um filme exatamente longo (112 minutos). Porém, parece mais extenso do que é. Assisti na cabine de imprensa e muitas vezes pensava: “será que não estou rindo, pois esse não é meu lugar de fala?”, afinal, é um filme todo a partir da visão feminina. Diretora mulher, protagonistas mulheres. A maioria das piadas são realmente voltadas para o gênero feminino.
Mas, enquanto refletia se o problema era comigo, lembrei de um dos filmes mais engraçados que vi em 2023: “Loucas em Apuros” (Joyride), uma comédia do estilo besteirol que se destaca pela sua abordagem crítica ao preconceito dirigido a sul-coreanos, chineses e asiáticos em geral. Com uma direção habilidosa de Adele Lim, roteirista de “Podres de Ricos,” o filme assume uma postura politicamente incorreta e surpreendente girando em torno de um grupo composto por quatro mulheres, explorando seus processos de autodescoberta.
Sendo assim, “Minha Irmã e Eu” me deixou um gosto amargo de potencial desperdiçado, pois tenta esse processo de autoconhecimento das protagonistas também viajando pelo politicamente incorreto, mas tira poucas risadas do público. Ao menos, foi o que percebi na sessão para a imprensa. Fui disposto a rir, mas pouco consegui. Mesmo o grande carisma de Ingrid e Tatá não seguram o roteiro falho de Célio Porto, Ingrid Guimarães, Veronica Debom, Leandro Muniz, que é cheio de furos, e a direção pouco inspirada de Susana, dessa vez, sem um bom timing.
O filme é uma produção da Paris Entretenimento, em colaboração com Paramount Pictures, Telecine, Simba e Globo Filmes. A estreia nos cinemas está marcada para 28 de dezembro, com distribuição pela Paris Filmes.
Espera
O cinema brasileiro segue aguardando outras obras que conquistem e encantem as pessoas como a franquia “Minha Mãe é Uma Peça”. Em 2023, tivemos algumas tentativas como “O Porteiro“, “Nosso Sonho“, “Mussum, o filmis”, e outros. São exemplares que buscaram esse sucesso.
“Mussum” se destacou como a principal estreia nos cinemas brasileiros em 2023, com umm show de Aílton Graça (confira nossa entrevista exclusiva com ele). Conforme os dados da Comscore, a obra alcançou uma arrecadação significativa de aproximadamente R$ 640 mil em 400 salas de cinema distribuídas pelo país durante seu primeiro dia de exibição em 2 de novembro. No decorrer do seu primeiro fim de semana em cartaz, nos dias 4 e 5 de novembro, a produção registrou uma impressionante receita de R$ 2 milhões.
Por fim, leia mais:
Tá escrito | Filme com Larissa Manoela estreia em 14 de dezembro
Crítica ‘Tia Virgínia’ | Treta familiar em um filme excelente