Triângulo da Tristeza (The Triangle) é um filme que aborda, em sua essência, uma discussão política sobre a humanidade contemporânea. São diversos diálogos que percorrem desde a questão de gênero e o feminismo até a velha batalha entre socialismo e capitalismo.
Um dos melhores momentos do longa é quando um socialista estadunidense, o comandante Thomas (Woody Harrelson, ótimo), debate com um capitalista russo,
Dimitry(Zlatko Buri?, excelente). Ambos destilam frases dos pensadores que admiram. O russo cita falas norte-americanas, como de Ronald Reagen, e o estadunidense argumenta com pensadores russos, como Marx e Lênin. Essa dicotomia instiga o público e é muito bem abordada, através não somente dessa e outras conversas, mas das atitudes dos personagens.
No terceiro ato, papeis se invertem e entendemos mais ainda sobre o egoísmo humano e as necessidades de cada um. A crítica social é mordaz.
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O filme se divide em três partes e tem um final relativamente aberto. É impossível sair da exibição sem nenhum pingo de reflexão. A última frase dita resume bem como, apesar de tudo, as coisas parecem ser sempre as mesmas.
A direção e roteiro de Ruben Östlund não deixam a bola cair, sabendo pincelar e equilibrar drama e comédia. A ironia salta quase o tempo todo e a crítica aos ricos, desde a forma como enriqueceram até seus jeitos de ser passando pelo vazio existencial presente em seus estômagos grita de maneira sussurrada. Às vezes, é como um vômito que jorra, nojento – e necessário.
Enfim, indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro Original, Triângulo da Tristeza é um longa-metragem relevante. Terá sessões especiais a partir de 9 de fevereiro e entra em cartaz oficialmente nos cinemas brasileiros em 16 de fevereiro, com distribuição da Diamond Films. Vale a pena.
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