Amantes da Sétima Arte, está rolando o Festival Internacional de Mulheres no Cinema, o FIM20. Em sua segunda edição, o lindo festival enaltece e homenageia mulheres cineastas do Brasil e do mundo. O festival é um importante veículo de visibilidade e reconhecimento pelo trabalho feminino atrás e na frente das câmeras.
Assim, com o intuito de destacar a pluralidade dentro do mercado, o FIM20 veio com a premissa de equilibrar a balança e, assim, compõe sua programação com filmes brasileiros e internacionais dos quais 45% são dirigidos por mulheres pretas e pardas, 45% por brancas, 7% por indígenas e 3% por amarelas. A saber, 30 filmes – Curtas, Médias e Longa-Metragens – serão exibidos, divididos em Mostra Nacional, Mostra Internacional, Lute Como Uma Mulher e Todas as Mulheres do Mundo. Tá bonito demais.
A princípio, no Brasil, a representatividade feminina no cinema ainda é tímida. Segundo dados da pesquisa Diversidade de Gênero e Raça nos Longa-Metragens Brasileiros, feita pela Agência Nacional de Cinemas (Ancine), em 2016, a presença feminina total na direção de filmes naquele ano foi de 20% contra quase 80% masculina. Dessa estimativa, 19,7% eram mulheres brancas, enquanto que mulheres negras abarcou alarmantes 0%. Se faz necessário criar oportunidades e expandir nosso mercado cinematográfico no quesito gênero e raça para que tenhamos paridade e visibilidade de vozes mais plurais na cadeia produtiva cinematográfica.
Homenageadas de peso
Desse modo, fortalecendo a presença feminina no cinema, o evento rende homenagem a três mulheres poderosas: Grace Passô, Claire Denis e Clarice Lispector. A mineira Grace Passô, dramaturga, atriz e diretora, é a grande homenageada do evento. Haverá a exibição de República (2020), curta-metragem dirigido, roterizado e protagonizado por Grace durante a quarentena; Vasta Carne (2020), adaptação do monólogo homônimo que lhe rendeu seu segundo Prêmio Shell na categoria “Melhor Texto”; e Sem Asas (2019), curta dirigido por Renata Martins e que conta com a atuação de Passô.
A prestigiada diretora francesa Claire Denis recebe tributo composto por duas de suas obras: 35 Doses de Rum (2008) e Deixe a Luz do Sol Entrar (2017), protagonizada por Juliette Binoche. Claire participará de um painel mediado por Robert Milazzo no qual dará uma aula magna sobre seu processo de criação, falará sobre questões sociais e pandemia e sua infância em Camarões. O evento tem transmissão via canal do evento, no YouTube.
Somado a isso, outro tributo de peso celebra o centenário de nascimento da singular escritora ucraniana naturalizada brasileira, Clarice Lispector. A programação conta com dois livros seus adaptados para as telonas: a abertura do evento, com A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral, e O Livro dos Prazeres (2020), de Marcela Lordy, encerrando o festival.
Cartaz do filme O Livro dos Prazeres
Para além das Mostras
Além das Mostras, o FIM20 se dedicou a expandir a interação das espectadoras cinéfilas – e cinéfilos também. Afinal, promove uma programação com painéis, cursos e masterclasses com convidadas potentes e de relevância no mercado fonográfico. Contudo, os cursos encontram-se com as vagas esgotadas.
Entre os painéis, destacamos o Afrofeminismo, que terá uma conversa entre a diretora Amandine Gay e Djamila Ribeiro, que tratarão sobre sexualidade, preconceito de gênero, dentre outros; Arte em Duplo Twist Carpado na Pandemia, com Grace Passô, Cíntia Guedes e Glenda Nicácio batendo um papo sobre suas verves artísticas em contexto pandêmico. Além disso, tem Clarice Lispector e o Cinema | O Livro dos Prazeres, no qual Marcela Lordy abordará Clarice no cinema, e Ações Pelo FIM do Assédio no Cinema e na Sociedade, com a participação de Marianna Souza, Amanda Kamancheck e Daniela De Fiori. Imperdível.
Serviço
2ª edição do Festival Internacional de Mulheres no Cinema (FIM20)
Data: 10/11 a 17/11
Online e gratuito – Festival Internacional de Mulheres no Cinema
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