Essa semana o Met traz Shakespeare nos palcos de ópera. A princípio, a programação conta com três adaptações de peças do Bardo, duas delas pelo compositor italiano Giuseppe Verdi. Além disso teremos também obras de Wagner, um Puccini encenado no velho Oeste e duas das principais óperas de Gounod. Além disso, trago também a indicação de dois canais do Youtube de apresentações nacionais com direito à legendas em português e ótimos programas. Em seguida, a programação:
O Barbeiro de Sevilha – Rossini – 20/07
Segunda-feira teremos a famosa comédia de Rossini, Il Barbiere di Siviglia, em uma montagem de 2014. A comédia de Rossini estreou em 1816, e apesar de a estréia ter sido um fracasso, a partir da segunda montagem foi conquistando enorme popularidade, sendo hoje uma das obras mais montadas. A ópera foi baseada na peça de teatro de mesmo nome do autor Pierre Beaumarchais. Aliás, é a primeira peça da Trilogia de Fígaro, famoso personagem do autor, personagem também da famosa “As Bodas de Fígaro” de Mozart, inspirada na segunda peça da trilogia. Ironicamente as óperas hoje são mais conhecidas e encenadas do que as peças de teatro que tiveram origem.
Tannhäuser – Richard Wagner – 21/07
Wagner novamente na programação, com montagem de 1982 com condução de James Levine. A obra é do início da carreira de Wagner, conta ainda com a estrutura tradicional, mas mostra já as intenções do artista de música contínua, dando um aperitivo do que viria. A saber, a história se passa no mundo germânico medieval em torno de um concurso de canto. Wagner, que também escreveu o libreto – ou poema, como preferia chamar – utiliza-se de lendas medievais do folclore germânico para contar um história de “amor trágico”.
Macbeth – Giuseppe Verdi – 22/07
Todos conhecem a história de Macbeth, sobre ganância, poder e até onde o ser humano vai para conseguir e manter o que quer. A tragédia de Shakespeare foi transposta para os palcos da ópera por Verdi. E não por acaso, Verdi possuía toda dramaticidade e potencial trágico necessário para tal feito. Composta no início da vida do compositor, só viu os palcos em 1847 em Florença. A montagem que será exibida é de 2008 e foi conduzida pelo maestro James Levine.
Roméo et Juliette – Charles Gounod – 23/07
A história de Romeu e Julieta dispensa apresentações. Já foi adaptada à todas mídias possíveis, geralmente obtendo muito sucesso onde passa. Nos palcos de ópera não seria diferente. A adaptação é de Charles Gounod, que por conta dessa ópera ficou conhecido como compositor do amor. A adaptação é parte da tradição operística francesa, uma ópera com 5 atos de música sensível e geralmente com presença de bailarinos no palco. O libreto segue a peça do Bardo, apenas dá maior ênfase nos momentos com o casal título juntos, para que apaixonados duetos sejam possíveis. A montagem apresentada é de 2007, com Anna Netrebko, Roberto Alagna e condução de Plácido Domingo.
Falstaff – Giuseppe Verdi – 24/07
Para encerrar a participação Shakespeariana da semana temos Falstaff. A ópera foi a última de Verdi, foi composta em segredo, pois o compositor temia morrer antes de conseguir concluí-la. Falstaff foi também a única comédia de sucesso do compositor, e composta segundo o modelo Wagneriano de música contínua. Verdi nos entregou em seu último trabalho uma obra prima, saindo de sua zona de conforto e experimentando formas diferentes mesmo no fim da vida.
Apesar de não ser título de nenhuma peça, Falstaff foi personagem querida e cativante de várias peças do Bardo. Teve sua primeira aparição em Henrique IV – parte 1. A peça base para a ópera foi “As alegres comadres de Windsor”. Falstaff estreou em 1893, no Teatro alla Scala de Milão, e vem sendo encenada com frequência até hoje. A montagem que será apresentada é de 1992 com condução de James Levine.
Der Rosenkavalier – Richard Strauss – 25/07
O Cavaleiro da Rosa é uma comédia do compositor alemão Richard Strauss. É uma das óperas mais celebradas de Strauss, juntamente com Salomé e Elektra. A história se passa “na época de Mozart”, segundo o libreto, e aborda o despertar do interesse sexual de um adolescente e das relações e desejos sexuais na aristocracia. Entretanto, muitas interpretações contemporâneas tem sido feitas da ópera abordando questões pertinentes ao presente. A montagem apresentada é de 2010 e conta com as vozes de Renée Fleming, Christine Schäfer, Susan Graha e Kristinn Sigmundsson.
La Fanciulla del West – Giaconno Puccini – 26/07
Essa é uma ópera não tão famosa e apresentada de Puccini. A garota do oeste se passa no oeste americano, famoso cenário de filmes western. O Western Spaghetti da ópera, com o perdão do trocadilho, é mais uma das óperas de Puccini que se passam em lugares considerados “exóticos” por ele. Estreou em 1910, justamente no Metropolitan. Foi a primeira ópera que teve estréia mundial no Met, e foi um grande sucesso nos EUA, apesar de nunca ter alcançado muito sucesso na Europa. A montagem é recente, de 2018 e conta com Eva-Maria Westbroek, Jonas Kaufmann e Željko Lu?i? no elenco.
As óperas são disponibilizadas diariamente no site do Met e com links no instagram.
Royal Opera’s Faust
Na última sexta (17/07) o Royal Opera House liberou em seu canal do Youtube a ópera “fausto” do compositor francês Charles Gounod. A famosa ópera segue o estilo francês, tem 3 atos e um balé no início do terceiro ato. A história se baseia na história de Fausto, do escritor alemão Goethe, onde um Homem, Fausto decidido por se matar acaba por vender sua alma à Mefistófeles em troca de conhecimento e juventude. A trágica história é um clássico na literatura e nos palcos de casas de ópera no mundo todo.
Montagens brasileiras
O canal do Youtube do Theatro Municipal de São Paulo e do Theatro São Pedro vem disponibilizando também algumas óperas e apresentações em seus canais. Do Theatro Municipal, temos algumas óperas (com legendas em português), Récitas para orquestra e coro, além de todas as sinfonias de Beethoven. As montagens das óperas e balés são muito bem feitas, e vale um especial destaque aos programas, também disponibilizados em PDF. São muito completos, com textos críticos, informações da obra e do elenco e o libreto completo na língua original e em português.
O Theatro São Pedro também está disponibilizando material. As primeiras óperas que puseram em seu canal não contavam com legendas, porém as mais recentes estão legendadas e a captura de áudio e vídeo são muito bem feitas. Além de clássicos, estão disponíveis também algumas composições contemporâneas de compositores brasileiros que estrearam no próprio Theatro.
Afinal, tanto o Municipal como o São Pedro postam novas montagens, mas sem uma frequência fixa, ou seja, vale a pena seguir seus canais e ficar de olho!
Muito bom! ????