Crítica
Conheça Thays Sodré e a ‘Flor do Destino’
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Com um “Sabor Açaí” abençoado pelas forças da natureza e aroma paraense autêntico, Thays Sodré lança seu primeiro álbum cheio de Norte brasileiro, mas com toques de Rio de Janeiro. Elba Ramalho é uma clara referência da cantora e às vezes parece que a jovem artista até procura emular a famosa paraibana. As canções tem arranjos caprichados de peso com Rodrigo Garcia mostrando sua boa forma tradicional montando as camas certeiras para o deleite deitar da voz de Thays.
Os forrós são como balançar na rede vendo a poesia da floresta, como o destaque “Flor do Destino”, uma das estrelas do disco. Tem todo o charme necessário e fornece a vontade de dançar que o gênero pede.
“Carimbó da Pororoca” também diverte enquanto louva esse fenômeno da natureza e tem um ritmo verdadeiramente contagiante.
Por outro lado, “Confissão” me tocou de forma diferente, com aquela dor da madrugada que quem já amou conhece bem. Esse é um samba que lembra grandes clássicos e rememorei Clara Nunes, que gosto muito desde a infância quando meu pai colocava na vitrola. A voz de Thays flui corretamente entre um saxofone jazzístico conversando com uma cuíca afiada. A composição é da própria Thays e merece congratulações. A canção embala nos timbres e só resta seguir cantando até o próximo amor.
Danço eu, dança você
Esse tal grande amor que buscamos é abordado novamente na canção seguinte “Desilusão”, num jeito de xote. Essa teve o poder de me levar para a Ilha Grande no Rio de Janeiro, nas tantas vezes que dancei por lá, como no famoso Luau do Aventureiro. “Desilusão” fez com que eu me imaginasse descalço e bem acompanhado, de olhos fechados, sob a luz do luar, rodopiando pelas areias do tempo.’E esse grande amor que buscamos é abordado novamente na canção seguinte “Desilusão”, num doce baião. Essa teve o poder de me levar para a Ilha Grande no Rio de Janeiro, nas tantas vezes que dancei por lá, como no famoso Luau do Aventureiro. “Desilusão” fez com que eu me imaginasse descalço e bem acompanhado, de olhos fechados, sob a luz do luar, rodopiando pelas areias do tempo.
E “Se Tudo é Bom e Nada Presta” (composição de Cecéu), que bom que temos o doce cantar de Thays cantando sobre um mundo desigual, aqui num forró mais animado pelos arranjos e mais triste pela mensagem.
O álbum fecha com “Lenda da Pororoca”, uma velha história bem narrada pela cantora lembrando seu avô carimbando o quanto a obra bebe na ancestralidade e na cultura do Norte com carinho.
Em seguida, confira o álbum completo de Thays Sodré:
Afinal, a artista Thays Sodré é originária de São Domingos do Capim, no Pará, e seu álbum de estreia “Flor do Destino” está disponível em todas as plataformas digitais com 12 faixas que abrangem tanto composições autorais quanto interpretações de clássicos conhecidos.
Diversos músicos contribuem para o álbum além de Thays Sodré (intérprete, voz, caxixi e triângulo). São eles: Alex Merlino (bateria, conga e pratos), Cosme Vieira (sanfona), Daniel Zanotelli (flautas, sax e sopros), Durval Pereira (zabumba e percussão), Évila Moreira (banjo paraense), Jhasmyna Thuller (coro, voz e vocais). Além disso, tem Meninão (sanfona), Marcelo Bernardes (sopro, clarinete, flautim, flautas e arranjo de sopros), Marcos Suzano (pandeiro, bongô e cuíca), e Rodrigo Garcia (arranjo de base, baixo, guitarra, guitarra slide, violão, violão aço, violões, viola caipira, cavaquinho, percussão, coro e arranjo).
Por fim, leia mais:
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Jornalista especializado em Jornalismo Cultural pela UERJ.

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Cinema
Crítica | ‘Pedágio’ tem atuações e direção impecáveis
Novo longa de Carolina Maskowicz estreia nos cinemas em 30 de novembro.
Publicado
1 dia atrásem
29 de novembro de 2023Por
Livia Brazil
Pedágio entra em circuito no dia 30 de novembro. Todavia, ele esteve na programação do Festival do Rio e da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Com roteiro e direção de Carolina Markowicz, tem Maeve Jinkins e Kauan Alvarenga nos papéis principais. Também integram o elenco Aline Marta Maia, Isac Graça e Thomás Aquino, que, mais uma vez, faz par com Maeve (como na série Os Outros).
A sinopse é a seguinte: uma mulher trabalha em um pedágio. Mãe solo, ela faz tudo por seu filho, porém, começa a se incomodar com vídeos performáticos que ele faz para a internet. Achando que uma terapia de conversão possa dar um basta ao que o filho faz, ela começa a juntar dinheiro para pagar uma cura gay ministrada por um famoso pastor internacional. Contudo, a forma que ela faz isso é ilegal.
Por enquanto, fique com o trailer do filme:
Brasil retratado
O filme mostra uma realidade muito comum: até onde uma mãe vai para proteger um filho. No caso, o que essa mãe acha que é proteção. Porque, para ela, colocá-lo em uma terapia de conversão é uma forma de proteção. Portanto, retrata também outra realidade mais comum ainda, infelizmente: o imenso preconceito que ainda existe contra pessoas LGBTQIAP+. E as consequências desse preconceito.
A diretora traz esse tema de uma forma muito original e criativa. Além de todo cenário não ser um que costumamos ver em filmes – todavia, afinal, é um cenário bastante brasileiro -, mostra uma mãe que tem um medo muito grande do que pode acontecer com seu filho em um lugar tão cheio de preconceitos, mas que não isola ou rechaça o filho. O longa também mostra a hipocrisia tão comum entre pessoas preconceituosas, que afirmam que ser gay é errado, mas não hesitam em trair seus companheiros sempre que há oportunidade, sendo que, segundo as regras que seguem, trair é tão errado quanto ir para a cama com alguém do mesmo sexo (enfim, a hipocrisia, não é mesmo?).
Revelação
Pedágio é um filme que consegue passar muito bem sua mensagem. E grande parte disso se dá por causa dos atores. Maeve Jinkings já é grande conhecida do público. Além de atuar em novelas, também participou de longas de renome, como O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, e Boi neon, de Gabriel Mascaro. Espera-se que ela se entregue à personagem, pois o público está acostumado com essa característica da atriz. E é o que ela faz. É possível ver como a mãe retrata ama aquele filho, e manda-lo para a dita terapia não vem de um lugar de maldade. Nem todas as outras coisas que faz. Vem de um lugar de cuidado e proteção extremos, já que, como é comum, ela é tudo que ele tem, mãe E pai.

em debate sobre o filme no Festival do Rio 2023. Imagem: Livia Brazil.
Contudo, Kauan Alvarengua, que dá vida ao filho, é uma grata surpresa, já que é novato nos longas. O jovem ator mostra um equilíbrio perfeito ao interpretar Tiquinho. Ao conversar com o ator, ele se mostrou muito feliz e chocado com a resposta do público ao filme e à sua atuação. Se continuar nesse caminho, Kauan tem muito a mostrar e a nos surpreender. E obviamente que as atuações incríveis são graças, também, à direção certeira de Carolina Markowicz.
Premiações
Pedágio foi exibido nos festivais de Toronto (Canadá) e San Sebastián (Espanha). Além disso, recebeu o prêmio de melhor filme no Festival de Cinema de Roma (Itália). No Festival do Rio, venceu quatro categorias: melhor atriz (Maeve Jinkings), melhor ator (Kauan Alvarenga), melhor atriz coadjuvante (Aline Marta Maia) e melhor direção de arte. O longa também foi um dos pré-selecionados para a edição de 2024 do Oscar, mas Retratos fantasmas, de Kleber Mendonça Filho, acabou sendo o escolhido.
A diretora Carolina Markowicz, e o ator Kauan Alvarenga conversaram um pouco comigo sobre a recepção do filme no Brasil e no exterior. Carolina também comentou sobre a mensagem de Pedágio e como é fazer cinema sendo uma mulher. Está tudo no vídeo abaixo.
Ficha técnica
PEDÁGIO
Brasil | 2023 | 101min.
Direção e Roteiro: Carolina Markowicz
Elenco: Maeve Jinkins, Kauan Alvarenga, Aline Marta Maia, Isac Graça e Thomás Aquino.
Produção: Biônica Filmes.
Distribuição: Paris Filmes.

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