Cinema
Vidas Passadas – Um filme sobre distância e reencontro
Publicado
2 meses atrásem
Por
Luciano Bugarin
Nesta segunda, dia 9 de outubro, vai estrear no 25º Festival do Rio, “Vidas passadas”, longa de estreia na direção de Celine Song. O filme, que é inspirado na história de vida da própria diretora que emigrou da Coreia do Sul para o Canadá aos 12 anos, fala sobre laços afetivos, distância, saudades e o confinamento de sentimentos. O título diz respeito ao termo coreano “In-Yun”, que segundo a protagonista, diz respeito a almas gêmeas que se encontram diversas vezes por diversas vidas.

A trama é centrada em Na Young (Moon Seung-ah), uma menina de 12 anos que tem uma amizade (e paixonite juvenil) pelo amigo Hae Sung (Leem Seung-min), também de 12 anos. Porém, depois de eles saírem juntos na companhia de suas mães, Na Young diz a ele que sua família irá emigrar para o Canadá, e provavelmente eles não se verão mais. Seria esse o fim ou o começo de uma jornada de conexão entre estas duas pessoas?

Distância e conexões
A narrativa de “Vidas passadas” é baseada nas distâncias e conexões que permeiam as relações humanas. Essas distâncias podem ser tanto físicas, quanto de aspirações a partir de diferentes personalidades. As conexões são inexplicáveis e podem ser atemporais. O que explica a intensidade de um vínculo que se mantém intenso mesmo depois de mais de uma década?
Doze anos após Na Young (que mudou o nome para Nora) (Greta Lee) ter deixado a Coreia do Sul, ela descobre por acaso que Hae Sung (Teo Yoo) tem procurado por ela nas redes sociais. Ela entra em contato com ele, e ali renasce uma conexão, tal qual eles tinham quando crianças. A tecnologia no momento é uma grande aliada nesta fase.

Distância e tecnologia
Porém, vemos uma contrapartida. Embora, atualmente, temos tecnologias que nos aproximam de forma tão eficaz, ela não supera a distância física. Nora e Hae não vão conseguir estar juntos tão cedo, devido ao rumo que suas vidas estão levando. Nora percebe que não vai aguentar manter isso por muito tempo e pede pra eles darem um tempo na relação.
Se por um lado, a tecnologia une e junta pessoas que estão distantes, ela também, por outro lado, pode nos isolar fisicamente e apenas acentuar a sensação de solidão. O uso sistemático da tecnologia para o diálogo simplesmente desenvolve, cada vez mais, um grau de dependência dela para o diálogo. Chegando ao ponto de pessoas “falarem” por ela, mesmo estando no mesmo lugar.
Distância e identidade
Outro aspecto interessante que o filme aborda é a questão da identidade. Ao reencontrar com Hae Sung, Nora tem um reencontro não apenas com uma pessoa muito importante da sua infância. Mas com a sua própria infância em si, e sua cultura e identidade como coreana. Afinal, o que somos? O que queremos e o que queríamos ser? E o que somos agora? São questões de apelo a qualquer pessoa de qualquer canto do mundo.

Anteriormente, quando a família de Nora está se preparando para se mudar para o Canadá, ela e sua irmã estão escolhendo novos nomes. A princípio, o quanto de sua identidade coreana se perde com esse caminho? Ao reencontrar Hae Sung, Nora diz que não sabe se está se sentindo menos ou mais coreana. Afinal, ele é a segunda pessoa, depois de sua mãe, com quem ela conversa em seu idioma natal.

Onde assistir
“Vidas passadas” é um filme bastante envolvente, que consegue caminhar de forma equilibrada entre a ternura e a sensatez (que também pode ser percebida como angústia). O filme nos apresenta como podemos ter concepções distintas sobre destino e como lidamos com ele e nossas escolhas. Durante a vida de Nora nos EUA, surge o personagem de Arthur (John Magaro). Ele funciona como condutor de como reagimos às surpresas e expectativas que conduzem a história.

O filme estreia nesta segunda (09/10) no Festival do Rio às 21:30 no Estação Net Botafogo, com presença de convidados. Outras exibições ocorrerão terça (10/10) às 16:00 no Estação Net Gávea, quarta (11/10), às 16:45 no Kinoplex São Luiz e sábado (14/10), às 17:15 no Estação Net Gávea.
Para quem não puder, ou não conseguir ver o filme no Festival do Rio, o jeito será aguardar pela estreia no circuito no ano que vem, no dia 15 de fevereiro.
Professor de artes e cineasta independente. Sou cinéfilo, fã de Simpsons, entusiasta de artes que fogem do óbvio e músicas barulhentas.

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Ao assistir ao documentário “TRANSO”, refleti sobre a peça de teatro “Meu Corpo Está Aqui“, Fica evidente a poderosa narrativa que ambos compartilham sobre a invisibilidade das pessoas com deficiência na sociedade. A forma como essas obras abordam as experiências íntimas e pessoais desses indivíduos é impactante e provocativa.
O documentário mergulha calorosamente na vida sexual dos atores. Dessa forma, quebra tabus e preconceitos ao mostrar que a deficiência não é um obstáculo para a vivência plena da sexualidade.
O documentário, assim como a peça de teatro, é um veículo para desafiar percepções e estimular conversas importantes sobre inclusão.
Impacto Social
Em um mundo que frequentemente marginaliza e exclui as pessoas com deficiência, é importante dar voz a esses indivíduos e celebrar sua capacidade de amar, se relacionar e sentir prazer.
Além de abordar as experiências individuais, o documentário também nos traz reflexões sobre a construção social da sexualidade e como as pessoas com deficiência são constantemente erotizadas ou dessexualizadas pelo olhar alheio.
Nas histórias compartilhadas fica evidente que existem diferentes formas de vivenciar o sexo e os relacionamentos, e que cada pessoa tem suas próprias necessidades, desejos e limitações. É importante lembrar que a diversidade também se faz presente nesse aspecto fundamental da humanidade.
Afeto
Ao enfatizar o afeto e o auto prazer, “Transo” nos leva a repensar conceitos tradicionais de sexualidade e a entender que o prazer não é exclusivo do sexo genital, mas sim uma vasta gama de sensações e experiências. Essa ampliação de perspectiva nos ajuda a enxergar além dos estereótipos estabelecidos e a celebrar a pluralidade da sexualidade humana.
O longa conta com a participação de Ana Maria Noberto, Adrieli de Alcântara, Daniel Massafera, Edvaldo Carmo de Santos, Fernando Campos, Jonas Lucena da Silva, Kollinn Benvenutti, Marcelo Vindicatto, Mona Rikumbi, Nayara Rodrigues da Silva, Nilda Martins, Siana Leão Guajajara.
Cineasta e pesquisador
Como uma pessoa sem deficiência, Messer conta que sua abordagem em relação ao tema é completamente observacional:
“O primeiro passo foi estudar o assunto e escutar os participantes antes mesmo de iniciar a gravação. No geral, percebi que muitas pessoas com as quais conversei estavam ansiosas para debater o tema”
A saber, o projeto de “Transo” começou quando o diretor produziu, em 2018, um curta sobre Mona Rikumbi, a primeira mulher negra a atuar no Theatro Municipal de São Paulo. Durante o processo deste filme, eles se tornaram amigos, e Mona, um dia, relatou da dificuldade de se encontrar motéis acessíveis na cidade.
Por fim, o o documentário está no Canal Futura e Globoplay.
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