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SARS-CoV-2 / O Tempo da Pandemia | Filme retrata bem o ponto de vista dos médicos

Publicado

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* crítica escrita com a colaboração da enfermeira Letícia Aparecida Marincolo Domenis

“SARS-CoV-2 / O Tempo da Pandemia”, estreou no dia 18/11. O documentário fala sobre a ocorrência das 1ª e 2ª ondas da pandemia da COVID-19 no Brasil, sob o olhar do grupo “Todos Pela Saúde”. O filme é dirigido pelos irmãos Eduardo e Lauro Escorel. Ao passo que o filme abrange o período da pandemia até meados de maio de 2021.

À primeira vista, este grupo foi formado por alguns médicos especialistas em gestão de saúde que foi financiado pelo Itaú/Unibanco, em vista a tentar realizar ações para diminuir o impacto da pandemia da COVID-19 no Brasil. Porém, como um entrevistado diz, “uma coisa é fazer gestão em tempos de bonança, outra é em tempos de crise”.

tempo da pandemiaTempo da pandemia

A princípio, o filme segue uma linha mais descritiva a partir dos relatos dos participantes do grupo e de outros profissionais de saúde atuando na linha de frente. Assim, há poucas imagens que ilustram o que eles falam. Apesar disso, as poucas que aparecem são impactantes. Embora, siga uma narrativa bem simples, mais próxima a uma longa reportagem de um telejornal, o filme retrata bem o tempo da pandemia.

tempo da pandemia
Hospital superlotado – Imagem de divulgação.

Apesar de muitas das informações não serem exatamente inéditas para quem vem acompanhando todos os desdobramentos da pandemia nos jornais, o protagonismo de quem estava em contato direto é importante para uma legitimação da informação. Afinal, como diz um médico no início do filme: pandemia para ele, era apenas uma palavra nos livros de história.

Em síntese, a COVID-19 apresenta uma grande complexidade em relação ao tratamento e prevenção. O risco de contaminação é alto e no início da pandemia era pouco conhecido. Desta forma, o tratamento mais humano como sorrisos e abraços não puderam mais ser utilizados devido ao uso dos “Equipamentos de proteção individual” (máscaras, luvas, entre outros). Assim, o vínculo entre paciente e a equipe acabou dificultando as demonstrações de afeto. Elas foram reinventadas.

Linha de frente

O documentário traz um ponto de vista dos médicos que às vezes é pragmático e outras vezes pessoal e passional. Há também, os depoimentos de funcionários da saúde que atuam na linha de frente. Estes são os momentos mais marcantes do filme. Muitos abdicaram da segurança de estar com suas famílias para salvar o maior número de vidas possível.

Assim como foi citado por Dráuzio, muitos enfermeiros e profissionais de saúde que continuaram trabalhando durante a pandemia, tiveram que se isolar de seus familiares. Todos passaram por longas e exaustivas jornadas de trabalho. Demonstraram muito carinho e afeto pelos pacientes. O sentimento de medo e insegurança permearam essas longas jornadas. Como diz uma cuidadora no filme, o medo de perder um ente querido era real, pois a COVID-19 é uma doença sorrateira. Cada novo paciente é um novo desafio.

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Enfermeira – Imagem de divulgação.

Falta de conscientização

Apesar do grupo “Todos Pela Saúde” ser formado por profissionais qualificados e experientes, todos mostram grande frustração em decorrência da falta de medidas eficazes de conscientização e campanhas didáticas para a população. Pelo contrário, o que o governo de Bolsonaro tem feito foi exatamente favorável a um aumento da disseminação do vírus. Como resultado, tivemos promoção de aglomerações, incentivo ao não uso de máscaras, promoção de medicação preventiva ineficaz e insegura e até instigação a atos de violência contra profissionais e instituições de saúde.

Muitos profissionais, ao longo do combate a COVID-19, sofreram ameaças verbais de forma presencial ou pelas redes sociais. Alguns também sofreram agressões físicas por parte de indivíduos que não aceitam os resultados de pesquisas científicas, como as medidas de prevenção e isolamento social. Foram estimulados por fake news e desinformação.

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Dráuzio Varella sendo entrevistado – Imagem de divulgação.

Fake news no tempo da pandemia

Embora, os entrevistados evitem de dar nome aos bois, não há como negar que o esquema de fake news que ajudou a eleger o atual presidente, continuou ativamente durante o tempo da pandemia, com o objetivo de disputa política. Disputa essa que está ligada diretamente à guerra que os médicos dizem estarmos perdendo para a COVID-19.

Enfim, a sensação que fica é a de revolta. Afinal, um país como o Brasil, com um sistema como o SUS, visto como um modelo de eficiência na área de imunização, não poderia viver um cenário tão grave de infectados e mortos. Em meio a tentativas de “salvar a economia”, não se salvou nem ela e nem as vidas.

A cuidadora Francisca – Imagem de divulgação.

Onde assistir

Atualmente, com a vacinação avançando, muitas pessoas estão relaxando cada vez mais nos cuidados e medidas preventivas. Este filme pode servir como um lembrete ou até um alerta de que a pandemia está longe de terminar. Nesse sentido, se a população não abrir o olho pode chegar uma terceira onda por aí. Por exemplo, isto já está em vias de acontecer em alguns países europeus. Ou seja, o filme funciona como um registro e um alerta.

A enfermeira Letícia ressalta “a importância de todos os profissionais, além da equipe de saúde, que não pararam desde a pandemia. Como motoristas de ônibus, funcionários de supermercados e farmácias. Entre outros trabalhadores de serviços básicos e essenciais. Pois conseguiremos vencer a COVID-19, apenas se trabalharmos de forma conjunta. Respeitemos as medidas preventivas e apoiemos uns aos outros. Cada um à sua maneira”.

O filme estreou em 18/11 nos cinemas. Consulte a programação de sua cidade para ver os o horários.

Cinema

13 Sentimentos | O filme mais fofo do ano

O longa de Daniel Ribeiro estreou nos cinemas brasileiros em 13 de junho.

Publicado

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Como crítica, muitas vezes fico sem saber como falar de um filme. Falo mais da parte técnica? Dou mais foco na história? Eu acabo sempre falando um pouco sobre cada uma dessas coisas, mas sabe sobre o que eu gosto mesmo de falar? Sobre como um filme nos faz sentir. Claro que tudo isso que citei acima acaba resvalando na sensação do filme pra quem assiste. Mas acho, e me corrijam se eu estiver errada, que quem procura algo pra ver não está atrás da forma como o fotógrafo escolheu movimentar a câmera ou do tanto de iluminação que ele escolheu deixar entrar (claro que se isso for bem-feito, ajuda muito a contar a história), mas está em busca de algo que o faça sentir alguma coisa, não importa o quê. Por isso eu gosto sempre de falar, também, sobre o impacto que cada filme pode ter no espectador.

E 13 sentimentos, meus caros, vai te fazer sair do cinema cheio de esperança e com o coração leve, leve. E, provavelmente, com um baita sorriso no rosto. Quem não quer ver um filme e ficar feliz?

Enredo

Antes de tudo, vamos começar pelo começo, ou seja, pela sinopse. “Como o final feliz de um filme perfeito”. É assim que João descreve o fim de seu relacionamento de 10 anos com Hugo. Apesar da separação, eles permanecem amigos bem próximos. No entanto, voltar ao universo dos encontros românticos, usando aplicativos, traz um turbilhão de emoções, mostrando que a realidade não pode ser controlada como um roteiro de filme.

Para matar um pouquinho a curiosidade, deixo vocês com o trailer por enquanto.

Simples e bem-feito

13 sentimentos é um filme simples, no melhor sentido da palavra. Com uma história sólida e bem-estruturada, ele não precisa de muita coisa pra distrair o espectador, porque ele tem tudo o que o espectador precisa. Personagens simpáticos, completamente adoráveis e engraçados, um roteiro super bem-escrito, diálogos engraçados, muitos momentos que te fazem rir e outros que te fazem se emocionar. Com uma facilidade impressionante para fazer o espectador entrar no filme e se sentir íntimo dos personagens, apegado mesmo, Daniel Ribeiro desenhou um filme delicado, sensível, super identificável e muito, muito fofo. Parece que ele é mesmo expert em audiovisual que faz todo mundo ficar de coração quentinho, já que o igualmente fofo Hoje eu quero voltar sozinho é dele.

Igor Cosso e Artur Volpi.
Igor Cosso e Artur Volpi. Foto: Thi Santos.

Daniel disse em uma conversa após a exibição de 13 sentimentos no Rio de Janeiro que Hoje eu quero voltar sozinho foi feito para as pessoas terem esperança. Contudo, 13 sentimentos é mais realista, viria pra desgraçar um pouquinho a cabeça do público, que veria a realidade dos relacionamentos de um homem gay. É verdade, sim, que 13 sentimentos tem muito mais semelhança com a realidade. Não sou um homem gay, mas acho que qualquer um pode se identificar com a sensação de um término, ainda mais após 10 anos de relacionamento, e tudo o que fazemos para lidar com a situação. Também é possível se relacionar com a dificuldade que é ter encontros hoje em dia (sendo mulher hétero, meus amores, põe dificuldade nisso!). Mas, Daniel, se sua intenção era fazer as pessoas se desiludirem um pouco com o amor, desculpa, mas esse objetivo não foi alcançado. Ainda bem!

Trio com química

Assim como em Hoje eu quero voltar sozinho, 13 Sentimentos tem um trio cheio de química. Antes detudo, já peço para Daniel Ribeiro dois spin-offs: um com foco em Alice e um com foco em Chico. Muito obrigada. (rs)

Alice e Chico são os melhores amigos e João, que o ajudam a passar por esse momento complicado de pós-término. Cada um tem uma característica muito própria e tem uma vida para além de João, o que muitas vezes é deixado de lado em filmes do gênero. Julianna Gerais, a intérprete de Alice, está apaixonante como a amiga conselheira, mas que também precisa de conselhos. Ela é a epítome da amiga que sabe o que o outro precisa e dá o espaço que o amigo precisa, aquela amiga que todo mundo queria ter. Já o Chico de Marcos Oli é o alívio cômico do filme. Marcos Oli está sensacional e é impossível não se escangalhar de rir em toda cena em que ele aparece. E então temos Artur Volpi, o protagonista, totalmente irresistível e carismático. Um trio que todo mundo gostaria de ser amigo e acompanhar.

Marcos Oli, Julianna Gerais e Artur Volpi.
Marcos Oli, Julianna Gerais e Artur Volpi. Foto: Divulgação.

Diferentes formas de amar

É muito interessante a forma como o filme comenta sobre as diversas formas de relacionamento. Apesar de estarmos em uma época em que há muito mais conversas sobre o tema, sabemos que ainda há um grande tabu sobre isso e que ainda impera a monogamia. Além disso, há uma ideia de qualquer coisa que não seja a monogamia é uma “bagunça”. O filme mostra e convoca o espectador a pensar além do lugar-comum. Questiona certos padrões de relacionamentos impostos e até provoca análises dentro desses padrões.

Porém, mais do que isso, o longa faz indagar muito sobre amor próprio. É possível estar em uma relação sempre pensando pra fora? É possível amar sem se amar, sem se questionar, sem se conhecer? Ademais, é preciso manter sempre a mesma forma de se existir nesse mundo? São perguntas que ficam no ar e quem irá respondê-las será o espectador.

Daniel Tavares e Fabrício Pietro.
Daniel Tavares e Fabrício Pietro. Foto: Thi Santos.

Mês do Orgulho

Não posso deixar de falar, também, da importância que é ter um filme como esse, cheio de amor lgbt, nos cinemas. Ainda mais no mês do orgulho LGBT. Daniel e Artur falam um pouco sobre isso na entrevista que fiz com eles – e que em breve sairá no canal do Vivente e no meu também -, mas preciso comentar um pouco aqui também.

Por muitos anos, todos os filmes com personagens que representavam a comunidade LGBTQIAP+ falavam somente sobre o sofrimento de fazer parte da comunidade. Ser gay, lésbica, trans, bi, etc., era o tema, e todo o resto girava ao redor isso. Com as transformações ocorridas no mundo (a passos lentos, mas que ocorreram), os enredos estão começando a mudar. Agora, a sexualidade ou identidade de gênero de uma pessoa é somente mais uma característica dela, e não o motivo da produção existir. Esse é um fato muito importante e um avanço para a comunidade LGBT. 13 sentimentos faz parte disso. É uma história que poderia acontecer com qualquer pessoa. Só acontece de João ser gay e se apaixonar por homens.

E o filme mostra sua vida, tediosa ou cheia de acontecimentos como ade qualquer outra pessoa. Isso é muito importante. E mais ainda para a comunidade se ver cada vez mais nas telas, com histórias cada vez mais diversas. Além do mais, sendo uma história de amor, como eu disse antes, quem não quer ver, não é mesmo?

Ah! E pra terminar, o motivo do filme ter esse título é sensacional! Vou contar qual é? Lógico que não! Vocês vão ter que assistir pra saber. 13 Sentimentos já está nas salas de cinema de todo o Brasil.

13 sentimentos
Parte do elenco com Daniel Ribeiro na pré-estreia carioca do filme. Foto: Livia Brazil.

Ficha Técnica

13 SENTIMENTOS

Brasil | 2024 | 100min. | Comédia romântica

Direção e Roteiro: Daniel Ribeiro
Produção: Daniel Ribeiro, Diana Almeida e Fernando Sapelli
Elenco: Artur Volpi, Julianna Gerais, Marcos Oli, Michel Joelsas, Bruno Rocha, Daniel Tavares, Fabricio Pietro, Helena Albergaria, Maitêe Schneider, Sidney Santiago Kuanza, Igor Cosso, Cleomácio Inácio, Rafael Americo, Marco Barreto, João Victor Toledo, Arthur Alfaia, Pither Lopes, Fábio Kow, Heron Leal, Hugo Kenzo
Direção de Fotografia: Pablo Escajedo 
Direção de Arte: João Vitor Lage 
Trilha Sonora: Arthur Decloedt 
Montagem: Cristian Chinen 

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