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Notas de Rebeldia. Leia a crítica do filme da Netflix.
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Notas de Rebeldia e a dolorosa saudade de um pai | Crônica

Por
Alvaro Tallarico
Última Atualização 20 de março de 2023
5 Min Leitura
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Um pequena garrafa de vinho à beira da janela. Foto por Alvaro Tallarico.
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O filme Notas de Rebeldia começou me fazendo pensar sobre esse tal mundo do vinho, pois dá uma mostra do estudo necessário para entender a complexidade dessa bebida. Uma das provas para virar um sommelier é a desgustação às cegas. Ou seja, você dá aquela provada ali no vinho e tem que saber se é do Velho Mundo ou do Novo Mundo, se o aroma é frutado ou não, a uva, o ano, a acidez, e, em especial, a região. Admito que estou longe desse nível de sofisticação, sou daqueles que uma vez ou outra toma um vinho tinto, mas tenho alguma preferência, como Cabernet Sauvignon e Syrah. Inclusive, nem sei porque.

Além disso, temos aquele clássico embate entre pai e filho. O restaurante que era do avô e foi herdado pelo pai, o qual trabalha duro pela sua manutenção. Ele sonha que o filho siga o mesmo caminho e procura ensiná-lo e conduzi-lo, porém, Elijah (vivido por Mamoudou Athie) tem uma paixão crescente pelo vinho e quer ser um Master Sommelier. Fica claro que ele quer encontrar um caminho próprio, é uma busca por si, achar algo que realmente goste e impulsione sua vida. Quantas vezes os pais se esforçam para indicar um caminho, desejando o bem dos filhos?

Também tive muitas notas de rebeldia quando meu pai tentava me trazer para a realidade, enquanto insistia na minha ingenuidade e arrogância juvenil.

Naquela mesa

Em verdade, perto do fim do filme, lembrei do meu pai já falecido. Senti saudades e vontade de chorar. Uma ou duas lágrimas rolaram quando assistia pai e filho conversarem na tela. O esporte como possibilitador de assunto e conexões, a ajuda mútua, a amizade. É, faz falta ter meu velho ao meu lado ali, vendo um jogo qualquer de futebol. Qualquer não, certamente, seria um do Fluminense, time dele. Recordo de um jogo que fomos juntos no mais emblemático estádio do mundo, o Maracanã. Fluminense contra Santos, três a zero para o tricolor carioca. Meu pai evitava vibrar muito, mantinha o radinho de pilha no ouvido, com sua boina e aquela simplicidade que baseou meus valores para o resto da vida. Que saudade, pai.

Você nem ligava para beber, mas, vez ou outra, raramente, comprava uma garrafa de vinho no supermercado e tomava no almoço. Era para ser uma taça e virava a garrafa toda. Já ficava rindo mais, se soltava um pouco da sisudez. Que saudade, pai. Você sentado na mesa do almoço comendo batata doce. Hoje cozinhei batata doce pela primeira vez, ficou ótima, pai, queria que você pudesse provar. Agora estou chorando muito, não deu para conter, pai.

Quando estava adoecido, fiz sua barba. Raspei seu cabelo, máquina um. Você não gostava tão baixo, ficava mais parecido com seu irmão mais novo, Paulo, que usava mais dessa forma. Você era vaidoso, mesmo calvo, sempre ia no barbeiro cortar. Talvez fosse mais pelo ritual de ir e conversar com o barbeiro de tantos anos. Entretanto, a barba mesmo fazia sempre em casa, talvez lembrando dos anos que serviu como fuzileiro naval. É uma das cenas mais fixas na minha mente, seu rosto com espuma de barbear. Eu prefiro manter a barba. Quando faço a barba e passo a máquina um, olho no espelho e vejo você. Mas ainda falta muito para eu chegar em tão alto patamar.

Sendo assim, se é para liberar os rios nos seios da face e recordar a sua luz, só ouvindo Nelson Gonçalves cantar “Naquela Mesa”:

Afinal, veja o trailer legendado de “Notas de Rebeldia”:

Ademais, leia mais:

Tigertail e o choro contido | Netflix
Nada Ortodoxa e a liberdade | Netflix
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Jornalista especializado em Jornalismo Cultural pela UERJ.
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