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Crítica

Nada Ortodoxa e a liberdade | Netflix

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Crítica Nada Ortodoxa da Netflix.

Liberdade é talvez a palavra mais linda do mundo e Nada Ortodoxa fala sobre isso. Essa palavra talvez seja até mais forte do que outra: amor. Porque o amor carece de liberdade. Andar por aí, abraçar, beijar, namorar. Ah, a liberdade é linda, mas, claro, não vem sozinha, se o amor carece de liberdade, a liberdade carece de responsabilidade. Ou não? Seria liberdade algo oposto a responsabilidade? Nessa minissérie da Netflix,  uma jovem de 19 anos sai de Nova Iorque, do meio de uma comunidade judaica ortodoxa, e foge para Berlim.

E, convenhamos, Berlim hoje é possivelmente uma das capitais da liberdade. É uma cidade cosmopolita de vanguarda que mistura cultura com uma forte cena alternativa. Ecleticamente rica, é nessa Berlim que a  jovem Esther cai. Ela ganha vida pela ótima atuação da atriz Shira Haas, numa mescla de coragem, insegurança e o olhar da descoberta, de si mesma e de tudo o que a vida pode oferecer. É deveras romântico, mas, calma, não é aquele romantismo do século XIX, apesar de que a individualidade aqui é exaltada. Como é gostoso encontrar a sua própria individualidade, algo que não acontece instantaneamente, e sim aos poucos. E às vezes é necessário um distanciamento.

Epiphany

Nada Ortodoxa mostra tudo isso de uma forma realista e emocionante. Ao mesmo tempo que conhecemos melhor a cultura ortodoxa judaica, nos conectamos com as dúvidas e o sofrimento de Esther. Além disso, é tudo baseado na história verdadeira de Deborah Feldman, uma escritora que cresceu como parte da comunidade Hasidic Satmar em Williamsburg, Brooklyn, contudo, depois deixou o marido e a comunidade. A autobiografia de Feldman, Unorthodox: The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots, foi publicada em 2012, mas essa minissérie de quatro episódios utiliza muitas liberdades criativas, como a viagem para Berlim, os amigos que surgem, etc.

Para ser quem você é, há a necessidade de buscar, ir além do que se vê, deixar a zona de conforto para trás. Todavia, isso só é possível quando existe a liberdade. Uma das maiores ferramentas dessa tal liberdade é a arte, que surge também nesse série, como uma tábua de salvação, uma janela na cela, um grito de autonomia e independência. Sim, reitero que essa vantagem, essa possibilidade, traz responsabilidade, muita. Mas é uma responsabilidade saborosa que aguça o paladar, umas vezes amarga, em outras, doce. A vida que você quer, requer escolhas, e cada escolha é uma renúncia. Liberdade é poder renunciar e seguir o caminho que sua bússola pessoal mostra, alcançando, em simples gestos, a epifania.

Afinal, veja o trailer:

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EO – O mundo visto pelos olhos de um burro

Foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2023

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Estreia neste dia 01/06, “EO” do diretor polonês Jerzy Skolimowski. O filme acompanha a incrível jornada de um burro, após ele ser tomado de um circo por autoridades locais em uma campanha contra maus tratos a animais.

Foi indicado ao Oscar de melhor filme internacional de 2023. “EO” é uma homenagem ao filme “A Grande Testemunha” (1966), de Robert Bresson. Segundo Jerzy, esse filme também centrado em um burro, foi o único que o fez chorar.

Acompanhamos a jornada de EO por meio de encontros e desencontros, enquanto ele observa um mundo totalmente novo. Sua visão inocente e passiva do mundo atua como a visão do próprio espectador. Um olhar sobre um mundo contemporâneo.

EO. (Imagem de divulgação).

A jornada de EO

O burro é um animal que costuma aparecer em algumas fábulas. E nesta fábula moderna, onde nem tudo é o que parece, embarcamos com EO em uma jornada perigosa com muitas descobertas e uma alternância entre momentos de angústia e outros sublimes.

O filme busca representar a percepção e a sensibilidade de EO em relação ao que ele vê e o que interage. A fotografia, a edição e a trilha musical funcionam nesse sentido de uma forma tão harmoniosa que dificilmente um espectador não se sentirá conectado ao simpático burrinho.

Kasandra (Sandra Drzymalska) e EO. (Imagem de divulgação).

A interpretação de EO

xistem alguns filmes estrelados por animais. Porém animais realmente interpretam ou simplesmente reagem a estímulos? No início do filme, EO é um artista, pois participa de um espetáculo circense-teatral com Magda. Ironicamente, após a ser libertado ele passa a ser um simples burro de carga.

Muitas vezes, EO não reage ao que acontece à sua volta no filme. Porém quando isso ocorre, é de forma surpreendente. Segundo o diretor, algumas cenas que pareciam ser complicadas sucediam de forma tranquila. Enquanto, outras que pareciam mais simples foram mais trabalhosas. 

EO. (Imagem de divulgação).

Algumas cenas também foram adaptadas de acordo com as reações e comportamento do burro. Aliás, dos burros, pois EO foi interpretado por seis burros: Tako, Ola, Marietta, Ettore, Rocco e Mela.

O poder e o mistério da natureza

Eventualmente, durante a jornada de EO vemos muitos cenários belos e solitários. Ou seja, o filme mobiliza o espectador por meio da articulação entre as locações, os sons e as cores. A natureza é exuberante. Essa exuberância é mostrada como um mundo, o qual nós humanos não paramos para prestar atenção. Um mundo que estamos despreparados para lidar ou que encaramos com descaso.

EO. (Imagem de divulgação).

Enfim, outro aspecto abordado é a comunicação. Afinal, nós, humanos, temos diversas barreiras de idiomas, presentes nos personagens dos filmes. Desse modo, essa barreira que também nos impede de entender os animais, parece inexistente para EO, inclusive quando ele se depara com outras espécies. Nesse sentido, o filme também funciona como uma defesa da causa animal.

Onde assistir EO

Em suma, o filme possui um ritmo agradável com uma trama cativante. Portanto, vale a pena conferir na tela grande!

Por último, consulte a rede de cinemas de sua cidade para encontrar sessões disponíveis.

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