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Adoráveis Mulheres revive trama atemporal e emocionante nas telonas | CRÍTICA

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Foto Filme Little Women

Indicado ao Oscar 2020 na categoria Melhor Filme, o longa “Adoráveis Mulheres” (Little Women), de Greta Gerwig, é o tipo de drama açucarado que une gerações. A história gira em torno da vida de quatro irmãs: a atriz Meg (Emma Watson), a pintora Amy (Florence Pugh), a pianista Beth (Eliza Scanlen) e a escritora Jo (Saoirse Ronan), por quem se desenrola a trama como um alter ego da autora. Criadas basicamente por sua mãe Marmee (Laura Dern), as meninas caminham entre os conflitos da adolescência e as responsabilidades da vida adulta sem a presença do pai, que luta na Guerra Civil Americana.

Tudo no filme é conectado a partir das trajetórias individuais das garotas March. Aliás, não há uma história de Jo sem Meg, de Beth sem Amy, ou de qualquer uma sem esbarrar em laços fraternos. Mesmo com personalidades diferentes, elas enfrentam os desafios da vida tendo como porto seguro o amor que nutrem umas pelas outras. Isso torna a trama muito sensível e facilmente relacionável para quem assiste.

O trabalho de construção psicológica dos atores é magistral. E somado a uma ótima fotografia e a figurinos detalhados minuciosamente, firmam Grega Gerwig como uma das maiores diretoras da nossa geração. Além disso, destaque para a trilha sonora que, não por acaso, também foi indicada ao Oscar 2020.

Por sua vez, o roteiro se passa em dois tempos: presente e sete anos no passado. Essa escolha trouxe profundidade e movimento para o longa. Contudo, mesmo utilizando de artifícios como paletas de cores distintas para cada período de tempo e o diferente corte de cabelo de Jo, há vezes em que causa uma certa confusão para o espectador, o fazendo questionar onde estão situadas determinadas ações.

Poster Adoraveis Mulheres
O filme Adoráveis Mulheres estreia em 2020 nos cinemas brasileiros
Temas femininos bem representados

Para além das entrelinhas, o longa desmistifica a invenção patriarcal do matrimonio e dá holofotes para as jornadas de realização dos sonhos, do sucesso profissional e principalmente de se sentir uma mulher independente, visto que a definição de completude na época, dependia de um casamento com um rapaz abastado, que assegurasse sua rotina como mãe e dona do lar.

Por outro lado, mesmo com as críticas à esse modelo antiquado, a trama deixa claro que tudo bem querer viver uma vida a dois, que é lindo e natural se apaixonar, desde que você entenda o seu lugar no mundo.

Por fim, “Adoráveis Mulheres” é um clássico que traz muitas reflexões sobre o papel da mulher na sociedade e corre para muito além dos finais felizes. É sobre amor, lealdade, ambição, independência. Sobre encontrar sua vocação como ser humano e persistir para vencer, mesmo que no caminho haja dor, perdas e fracassos. Essa nova versão do filme só nos trouxe uma certeza: a história das irmãs, ainda hoje, 150 anos depois, permanece viva e emocionando a quem se permite ser tocado por ela.

Trama que atravessa gerações

Para quem não sabe, o longa de Greta é uma adaptação do famoso livro homônimo de Louisa May Alcott. Mas, apesar disso, sua estrutura tem uma base muito firme e semelhante à obra original, o que rendeu mais uma indicação ao Oscar, dessa vez na categoria Melhor Roteiro Adaptado.

Anteriormente, a história já foi narrada por outras pessoas, tanto no cinema como na televisão. Em 1914 foi feita uma versão muda; em 2017, uma minissérie na BBC e, claro, a versão dirigida por Gillian Armstrong, de 1994, que ficou marcada com as caras de Susan Sarandon e Winona Ryder.

Frente a muitos questionamentos do motivo da releitura da obra, Greta Gerwig foi direta em suas palavras: “Qual o melhor jeito de explorar questões urgentes e complexas como dinheiro, poder e amor do que através do romance centenário e imortal de Alcoott?” – depois dessa, não temos mais nada a declarar, não é?

Na nova versão, as cenas clássicas foram mantidas, como o acidente com o enrolador de cachos no cabelo de Meg , a vingança de Amy destruindo o trabalho de Jo e o encantador piano de presente, trazendo conforto para os já conhecedores da obra.

A história de Alcott apresenta nuances mais dramáticas, o que faz com que seja considerado por muitos como uma trama maior e mais emocional. Por outro lado, o roteiro de Greta é mais cômico, o que também é um pró, visto que adiciona uma leveza que casa muito bem com a montagem final.

Deste modo, combinando a tradição com a modernidade, o resultado é uma adaptação emocionante e muito bem amarrada. Em resumo, a diretora trouxe a mesma história que todos amam, adicionou novos conceitos e deu um toque pessoal que, sem dúvidas, marca o longa como um novo clássico.

Confira o trailer:
Reunião de estrelas no cast

Assistir “Adoráveis Mulheres” é um deleite para qualquer espectador que preza por atuações consistentes, verdadeiras e entregues. E com um time desses, não poderíamos esperar menos! Saoirse Ronan – aclamadíssima por seu papel em Lady Bird (2017) –  foi indicada ao Globo de Ouro na categoria Melhor Atriz Dramática e também concorre à disputadíssima estatueta de Melhor Atriz no Oscar. Nesta corrida, também estão grandes talentos como Scarlett Johansson (História de um Casamento) e Charlize Theron (O Escândalo).

Além disso, o elenco ainda conta com mulheres incríveis como Emma Watson (Harry Potter), Florence Pugh (Lady Macbeth; Midsommar) que foi indicada à Melhor Atriz Coadjuvante no Oscar pela sua atuação na trama, Eliza Scanlen (Sharp Objects), Laura Dern (Big Little Lies) e a incomparável Meryl Streep, que dispensa apresentações.

Escolhido para a abertura do Festival do Rio 2019

A 21ª edição do Festival do Rio, que começou no dia 09 de dezembro e vai até o dia 19, teve sua abertura marcada por discursos contundentes sobre a importância da educação e cultura no Brasil. O cinema é peça fundamental na sociedade, tendo o papel de divertir, emocionar, informar, estimular discussões, trazer reflexões e, consequentemente, fortalecer o mercado audiovisual, que vem sendo tratado com tanto desdém sobretudo no atual governo.

Para abrir esse evento, é claro que o filme escolhido foi “Adoráveis Mulheres”. A sessão aconteceu no dia 9, segunda, no Cine Odeon – Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro, em cerimônia fechada para convidados.

Além das exibições de filmes estrangeiros e brasileiros, premiados e raridades, o Festival do Rio também conta com diversos debates, sessões especiais, oficinas e palestras. Para conferir a programação completa, acesse o site do festival!

“Adoráveis Mulheres” tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros em 9 janeiro de 2020.

Jornalista cultural, cinegrafista de guerrilha e afogada nas possibilidades das relações humanas que nos afetam. Me surpreender com as coincidências da vida é meu maior deleite, afinal, não estamos aqui por acaso. Ou estamos?

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Crítica | Transformers: O Despertar das Feras

Sétimo da franquia é mais do mesmo, mas superior a outros

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transformers o despertar das feras

O início de Transformers O Despertar das Feras (Transformers: Rise of the Beasts) é frenético, com uma boa batalha. Em seguida, conhecemos os protagonistas humanos, que são mais cativantes do que de outros filmes. O rapaz latino Noah Diaz (Anthony Ramos) e seu irmão (Dean Scott Vazquez), o qual serve mais como uma metáfora para o espectador. E a divertida Dominique Fishback, como Elena Wallace.

Nessa primeira parte do filme há algumas boas críticas, como o fato de Elena ser uma estagiária e saber muito mais que sua chefe, porém, sem levar nenhum crédito por isso. Enquanto Noah tem dificuldades de arrumar um emprego. Há aqui uma relevante abordagem sobre periferia (Brooklyn) ao vermos alguns dos desafios da familia de Noah, o que o leva a tomar decisões errôneas. A princípio, é um bom destaque essa caracterização dos personagens, em especial, favorece o fato da história se passar em 1994.

Dessa vez, o diretor é Steven Caple Jr., o qual não tem a mesma capacidade de Michael Bay para explosões loucas e sequências de ação. Steven faz sua primeira participação nesse que é o sétimo filme dos robôs gigantes. Ele era fã de Transformers quando criança e procura mostrar os Maximals (Transformers no estilo animal) de uma maneira autêntica.

Aliás, veja um vídeo de bastidores e siga lendo:

O público alvo do longa é o infanto-juvenil, que pode se empolgar com algumas cenas. Contudo, no geral, o roteiro é um ponto fraco. O Transformer com mais destaque aqui é Mirage, que fornece os instantes mais engraçados da história e faz boa dupla com Noah.

Além disso, as cenas no Peru e a mescla de cultura Inca com os robôs alienígenas é válida, com alguma criatividade e algumas sequências tipo Indiana Jones. Há muitas cenas em Machu Picchu e na região peruana que são belíssimas e utilizam bem aquele cenário maravilhoso. Vemos, por exemplo, o famoso festival Inti Raymi em Cusco, antiga capital do Império Inca, o qual o longa usa com alguma inteligência. Pessoalmente, essas partes me trouxeram lembranças pelo fato de que já mochilei por lá (veja abaixo), então aqui o filme ganhou em em relevância pra mim.

O longa se baseia na temporada Beast Wars da animação e traz o vilão Unicron, um Terrorcon capaz de destruir planetas inteiros. Na cabine de imprensa, vimos a versão dublada, a qual ajuda a inserir no contexto dos anos 90 com gírias da época.

Por fim, dentre os filmes dessa franquia que pude ver, esse sétimo está entre os melhores, apesar de ser somente regular, e conta com momentos divertidos. Além disso, a cena pós-crédito (só há uma) promete um crossover com muita nostalgia, Transformers: O Despertar das Feras chega aos cinemas de todo o país na próxima quinta-feira, 8 de junho.

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