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As Verdades | Filme conta boa história de forma criativa

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Crítica As Verdades foto de Marcelo Corpanni

Em 2021, o Brasil teve média de um estupro a cada dez minutos, 3,7% a mais do que em 2020. Ao todo, foram mais de cinquenta e seis mil casos registrados, incluindo abuso de vulnerável. Há muitos anos o país luta contra esse problema recorrente. Esse é apenas um dos sensíveis temas abordados por As Verdades, de José Eduardo Belmonte.

O longa conta a história de Josué (Lázaro Ramos), um detetive que precisa resolver um crime cometido contra o candidato a prefeito de uma pequena cidade do sertão, Valmir (Zé Carlos Machado). O filme apresenta três pontos de vista para o ocorrido: o de Cícero, um matador de aluguel, presente na cena do crime; Francisca, mulher do político; e o próprio Valmir, que sobreviveu ao atentado contra sua vida. Porém, conforme Josué avança no caso, mais profunda fica a investigação.

Roteiro e Direção

A escolha de adotar três pontos de vista é o que dá o dinamismo para o filme. Mostrar as três versões da mesma história como depoimentos ao personagem do detetive convida o espectador a resolver o crime também, buscar as irregularidades e entender as divergências entre os relatos. Uma grande ideia da direção e do roteiro que é o diferencial da obra.

Apesar disso, o mistério parece encerrado um pouco cedo demais. Assim que o terceiro relato é mostrado, o mistério é resolvido. O filme foca em outras questões da narrativa, mas o roteiro poderia ter deixado o público saborear mais do desconhecido e da sensação de descoberta junto com Josué.

Conforme o filme avança, a narrativa começa a se encorpar e os temas mais sensíveis surgem. O estupro toma grande papel na trama. É interessante como a abordagem de forma bastante crível e sutil ao mesmo tempo, pois também fala das consequências de abuso de menores. Outras temáticas como prostituição também são abordadas de forma inteligente.

O elenco faz um trabalho excelente no filme. Lázaro Ramos, Bianca Bin e Drica Moraes – os atores com mais tempo de tela – se destacam na versatilidade dos momentos da narrativa. Os três alternam entre sentimentos de forma bastante realista e eficiente.

Aspectos Técnicos

Apesar de ter pouco tempo para brilhar, o trabalho de maquiagem é impecável. É preciso quando precisa compor atmosfera e consegue ser angustiante quando necessita causar choque.

Enfim, As Verdades é mais um excelente filme produzido no Brasil que tem tudo para se destacar como tantos outros fizeram nos últimos anos. Consegue unir uma boa história com debates importantes. O longa estreia no circuito brasileiro dia 30 de junho.

Em seguida, veja o trailer:

 

Cinema

Crítica | ‘Meu Vizinho Adolf’ uma dramédia impactante

‘Meu Vizinho Adolf’ aborda as consequências do nazismo em uma dramédia tocante.

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Após a Segunda Guerra Mundial muitos nazistas se refugiaram na América do Sul, algo que já foi abordado das mais diversas formas no cinema. Meu Vizinho Adolf, traz o tema novamente agora colocando um suposto Hitler como vizinho de um judeu que sofreu com o Holocausto. Um tema delicado que o diretor Leon Prudovsky consegue tratar bem e com um tom de humor mais discreto.

Mr. Polsky (David Hayman) perdeu toda sua amada família e decidiu viver isolado em uma velha casa na Argentina. Sua paz termina quando Mr. Herzog (Udo Kier), um alemão irritadiço, se muda para a casa ao lado. A aparência e o comportamento dele fazem com que Polsky desconfie que seja Adolf Hitler disfarçado.

Um clima triste mas que ainda nos faz rir

O personagem de Hayman passou anos evitando contato humano, sequer aprendeu espanhol, ele carrega uma dor que aperta o coração desde o início. Ainda, assim ele é um velho teimoso e também ranzinza do tipo que nos faz rir. Ao colocar na cabeça que seu vizinho é o próprio Führer, ele tenta alertar as autoridades sem sucesso.

Com isso Polsky começa a estudar a figura funesta para poder provar sua teoria. Todas as brigas e tentativas de invasão e espionagem são divertidas, não é aquele humor de fazer gargalhar e provavelmente não era essa a intenção do diretor. Conforme o filme avança, ambos vão criando uma amizade que obviamente é extremamente incômoda para Polsky. Mas ele começa a achar que estava errado até encontrar provas um pouco mais substanciais.

Um filme simples mas bem feito

Meu Vizinho Adolf não é um longa que exige cenários grandiosos, é tudo muito simples, são poucas locações. O foco são as atuações de David Hayman e Udo Kier que consegue cativar. Ambos os personagens carregam um passado cruel e toda a dor que eles sentem é revivida com força no final. A comédia fica um pouco de lado para falar de algo sério de forma acertada. Ao final temos um bom filme que consegue mostrar a crueldade do nazismo sem ter que colocar nenhuma cena pesada demais.

Estreando hoje nos cinemas brasileiros, Meu Vizinho Adolf é uma boa opção para quem quer fugir dos pipocões. Fique com o trailer:

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