Cinema
Madame Brouette | O início de um sonho, deu tudo errado, no Senegal
Publicado
3 anos atrásem
Por
Flávio Braga
Se você buscar um resumo bem breve da história, é só pensar naquele meme “início de um sonho/ deu tudo errado”. Mas a produção senegalesa “Madame Brouette” (2002) não merece ser resumida desta forma, visto que suas nuances são extraordinárias.
Mati, também conhecida como Madame Brouette, ganha a vida empurrando seu carrinho de mão na feira livre de Sandaga. Seu maior sonho é abrir sua própria lanchonete, para dar uma vida mais digna a sua filha Ndèye. Ndaxté, amiga de Mati, que também fugiu de um casamento violento, se junta a ela logo no início da história, que começa a ser contada a partir da morte de Naabo, marido de Mati. Ela confessa tê-lo matado. Mas todos os vizinhos se unem para defendê-la. A partir daí, com o filme tendo como ponto de partida seu principal
acontecimento, a morte de Naabo, seu desenrolar é o que levou isso a acontecer, desde quando Mati e Naabo se conhecem até o assassinato dele.
Dororidade
É como dizem por aí, o mais interessante da viagem é o caminho, não o destino. E é isso que torna o filme bastante interessante. Além disso, o principal ponto a ser observado durante o filme todo é a cumplicidade das mulheres em proteger Mati. O que une as personagens do filme é o que Vilma Piedade chama de “dororidade”, que, em poucas palavras, é a cumplicidade entre mulheres negras diante da dor que só as mulheres negras reconhecem, ou seja, é um pacto social e ético em torno das dores que essas mulheres
tem em comum. Aliado a isso, mostra os desafios das mulheres em buscar seus sonhos inseridas numa sociedade marcado pelo machismo – e quando falo em sonhos, são, inclusive, os mais simples como o de ter ao seu lado alguém que inspire tranquilidade e confiança.
O filme é interessante não só por trazer um protagonismo feminino, de uma personagem com determinação na busca de um sonho e que “venceu apesar de tudo” – o que poderia correr o risco de ser meramente meritocrático -, mas que a força que se encontra para seguir adiante está em caminhar junto de quem compartilha as mesmas dificuldades e sente as mesmas dores, independentemente da idade (spoiler? Pode ser. Quem pescou, pescou).
Merece destaque também o grupo de griots que aparece em várias cenas, que confere uma musicalidade incrível ao filme. Contudo, me permitindo viajar um pouco, as letrinhas subindo no final do filme ao som de “Man Down”, de Rihanna, ia fazer um sentido danado. Até porque a dororidade é algo que une as mulheres negras dos dois lados do Atlântico. Nota 7,5.
E leiam Vilma Piedade, por favor!
Enfim, o trailer (legenda em inglês):
Para ver o filmes e mais informações, visite o site: mostradecinemasafricanos.com
*Flavio Braga é professor de História, vocalista e baixista da banda Outros Caras e escritor. Escreve para as páginas Um Blog de Nada e Rolé Literário, que estão cobrindo a Mostra de Cinemas Africanos em parceria com o Vivente Andante.
Todavia, leia mais:
Além disso, saiba mais da Lusofonia e os ritmos de Cabo Verde
Luellem de Castro | “Feminismo é um conceito branco”
Ana Catão do Cosmogonia Africana| “Nossa missão é trazer essa história que foi varrida para debaixo do tapete”
Flavio Braga é professor de História, vocalista e baixista da banda Outros Caras - e escritor. Além do Vivente Andante, escreve para as páginas Um Blog de Nada e Rolé Literário.

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Publicado
7 horas atrásem
21 de setembro de 2023
“A Filha do Rei do Pântano” (The Marsh King’s Daughter), dirigido por Neil Burger e estrelado por Daisy Ridley (da última trilogia Star Wars) e Ben Mendelsohn, chega aos cinemas com grandes expectativas, especialmente devido ao seu elenco e à adaptação do best-seller homônimo de Karen Dionne. O filme começa prometendo oferecer uma experiência envolvente e sombria, mas, infelizmente, não consegue cumprir todas as suas promessas.
A princípio, o início, com a infância de Helena e sua relação com o pai é uma das primeiras coisas que se destacam em “A Filha do Rei do Pântano”. Cheguei a lembrar um pouco do bom “Um Lugar Bem Longe Daqui“, por ter essa questão familiar e uma jovem menina na natureza. Ambos são baseados em livros de sucesso. Contudo, enquanto “Um Lugar Bem Longe Daqui” oferece um roteiro bem amarrado que prende até o fim, com boas viradas, “A Filha do Rei do Pântano” vai se perdendo aos poucos, com alguns furos sem explicação como o que aconteceu com o trabalho da protagonista e os cúmplices do Rei do Pântano.
Aliás, veja o trailer de “A Filha do Rei do Pântano” em seguida, e continue lendo:
Entretanto, a fotografia de Alwin H. Küchler é uma virtude. As cenas noturnas são especialmente cativantes, capturando a atmosfera sombria e opressiva do pântano de forma impressionante. A paleta de cores utilizada ressalta a sensação de isolamento e perigo que permeia a trama, proporcionando um cenário visualmente impactante que contribui muito para o clima do filme. A cena onde Helena flutura num lago, e só vemos seu rosto, é linda. Assim como aquela que abre a película.
No entanto, apesar da beleza da cinematografia, as falhas e furos do roteiro prejudicam a narrativa. A premissa de uma mulher que precisa enfrentar seu passado sombrio para proteger sua filha é clássica, mas a execução deixa a desejar em vários momentos. A falta de desenvolvimento de certos personagens e subtramas deixa o espectador com perguntas não respondidas e cria um vazio na história que poderia ter sido melhor explorado.
Outro ponto que deixa a desejar é o final previsível. Desde o início, o destino de Helena (Daisy Ridley) parece traçado de forma óbvia, o que tira um pouco do impacto emocional que o filme poderia ter alcançado. A ausência de reviravoltas surpreendentes ou momentos verdadeiramente chocantes contribui para que a trama se torne previsível e, em última análise, menos satisfatória.
Daisy Ridley entrega uma atuação convincente como Helena, mas nada genial. Ben Mendelsohn está bem como o sinistro Rei do Pântano, principalmente no começo do filme. Além disso, a fofa Joey Carson como Marigold Pelletier cativa.
Em resumo, “A Filha do Rei do Pântano” é um filme que brilha em sua cinematografia, mas que peca em seu roteiro e na falta de surpresas em sua narrativa. Para os fãs do gênero suspense, pode valer a pena conferir pela atmosfera e a boa primeira metade, mas é importante se preparar para algumas decepções ao longo do caminho. O começo é bom, mas o final deixa um gosto amargo.
Por fim, o suspense de Neil Burger estrelado por Daisy Ridley e Ben Mendelsohn estreia nos cinemas em 28 de setembro.
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