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Crítica

Um Natal Nada Normal | A minissérie natalina alemã que traz esperança

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Crítica Um Natal Nada Normal

A Netflix tem, cada vez mais, disponibilizado produções que não falam inglês. Além disso, por conta da proximidade com o Natal, começou a lançar filmes e séries sobre o tema. Um Natal Nada Normal junta essas duas características. A minissérie, que estreou na plataforma dia 27 de novembro, é alemã e se passa durante os dias de festividade. Porém, se engana quem pensa que, por não ser uma produção americana, vai encontrar um enredo muito diferente do que costumamos ver por aí. Mas, apesar dos clichês, vale a pena assistir.

A história de um perdedor

A minissérie foca em Basti. Ele saiu de uma cidade pequena no interior da Alemanha rumo a Berlim a fim de seguir seu sonho: se tornar um músico conhecido. Porém, todavia, contudo, tudo o que conseguiu foi perder sua dignidade (a cena que abre o primeiro episódio já mostra isso). Conseguiu, também, um emprego em uma central de atendimento. Só que é Natal. E, como todo ano, Basti volta para sua cidade pra passar a festa em família. Todo esperançoso ele vai, tendo a certeza de que serão momentos incríveis com as pessoas que mais ama no mundo.

Você, com certeza, já sabe onde isso vai dar, né?

Óbvio que nada sai como ele esperava. Contudo, o que mais o afeta é descobrir que sua ex-namorada (coisa recente) está namorando seu irmão! O pior é que Niklas – o irmão – sempre foi o homem perfeito, que não fazia nada errado. E que, ainda por cima, tem sucesso profissional. Portanto, ser trocado por ele fere imensamente sua autoestima.

Sem contar que é uma grande sacanagem saber que seu irmão não tem o mínimo de consideração com você e está namorando sua recente ex-namorada. Esse é o único furo da série pra mim. Todos agem como se não fosse nada de mais Niklas namorar a ex do irmão. Parece até que acham que Basti está exagerando na reação quando descobre. Mas quem não ficaria possesso ao saber essa informação? Eu peguei ranço do Niklas já no início! Mas isso não vem ao caso.

Conflitos internos – e externos

Os três episódios de Um Natal Nada Normal seguem com Basti tentando lidar com essa situação. E falhando miseravelmente. Ele tem brigas homéricas com o irmão, que já foi seu melhor amigo no passado. Além disso, ele também tenta entender o motivo de sua mãe estar mais emotiva que o normal nesse Natal. Ao mesmo tempo em que tenta ajudar ao máximo todos da sua família. E seus amigos. Amigos esses que acabam gerando outra preocupação para nosso protagonista.

Quando Basti encontra seus amigos da cidade e vê que todos estão prosperando profissionalmente, ele fica feliz por eles, óbvio. Mas fica igualmente preocupado com a própria carreira. Afinal, ela é inexistente. E se pergunta o que precisa fazer pra dar um jeito em sua vida profissional.

Ele, que pensava que teria um Natal tranquilo, acaba se vendo cheio de conflitos pra lidar.

Dá uma olhadinha em alguns desses conflitos no trailer:

Representatividade feminina

Há de se imaginar que, sendo uma história clichê, Basti se aproximaria de outra mulher, não é mesmo? E essa mulher é Karina. Karina é, para mim, a personagem mais divertida da série. Porém, meus caros e caras, trarei aqui alguns problemas que essa personagem tão querida traz.

  1. Ela é exatamente aquele tipo de mulher que os roteiristas homens gostam de fazer de par romântico para seus protagonistas anti-heróis. Não se preocupa com o que os outros pensam; é mais “maluquinha”; vive entre os homens. O que nos leva ao segundo problema.
  2. É como se ter amizades femininas fosse pior do que a masculina. Que viver entre homens faz da mulher mais interessante. E sabemos que isso não é verdade. não é mesmo? E que esse tipo de representação gera conflitos entre mulheres. O que não queremos de jeito nenhum.

A Karina não chega a ser uma “manic pixie dream girl”. Ela não ensina Basti a ter uma vida mais relaxada. Ela tem uma vida própria. Sua existência não é somente para fazer o personagem enxergar algo. Bem, quase. Porém, salvo esses problemas, ela é incrível. É, de longe, a personagem mais centrada e segura de si da série. Tem um arco bem estruturado e é uma personagem que todas as suas ações fazem sentido.

A representação “errada”

Ao contrário de Fine, a ex-namorada. Que, basicamente se resume a isso: ex-namorada (e namorada de Niklas). Sua vida parece girar em volta do namorado (seja ele qual for) e sua família. Ela, infelizmente, é o clichê do clichê da personagem feminina frágil e em dúvida. E eu não estou aqui dizendo que toda personagem feminina tem que ser forte, longe disso. Afinal, as mulheres são plurais e todas têm suas fragilidades (amém!). Porém, a vida de Fine além daquela família e de seu sentimento por Niklas e Basti não é sequer citada. Ela traz a característica típica da maioria das personagens femininas de somente gerar arco dramático para o personagem masculino. E, inegavelmente, isso a reduz muito como pessoa. E como personagem. Infelizmente.

Do mais, temos a avó engraçada, que fala um bando de besteira e tem função de mentora para Basti. E a mãe, que apesar de ser a típica mãe que cuida, sua personalidade é explorada além disso. Muito mais que a da pobre coitada da Fine.

Pra ver com a família

Embora eu tenha falado alguns defeitos da série por aqui, vamos esquecer deles. Porque Um Natal Nada Normal é sim uma série gostosa de assistir. Podemos superar seus problemas, assim basti tenta superar os seus. É aquela típica série de superação, sim, e talvez até por causa disso seja boa de assistir. Porque a gente se sente estimulado e esperançoso a superar os nossos problemas. Pode ser um clichê, mas é um clichê bem gostosinho de assistir. É leve e são poucos episódios, cada um com 45 minutos em média. Não é perfeita, mas é uma série delícia pra ver com a família e rir um pouco. E talvez chorar um pouquinho também. Mas com um sorriso no final.

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Escritora, autora dos livros Queria tanto, Coisas não ditas e O semitom das coisas, amante de cinema e de gatos (cachorros também, e também ratos, e todos os animais, na verdade), viciada em café.

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Cinema

‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica

Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.

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Uns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.

Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.

Muito rock

Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.

Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.

Roteiro

Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.

Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.

Sintonia fina

George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.

Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.

Nostálgico

Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!

Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:

Ficha Técnica

AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL

Brasil | 2023 | Comédia

Direção: Tomás Portella

Roteiro: L.G. Bayão

Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.

Produção: Luz Mágica

Coprodução: Globo Filmes e Mistika

Distribuição: H2O Films.

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