Ontem me peguei refletindo sobre essa maratona cansativa que estamos passando. Mentalmente e fisicamente. A quarentena abriu um portal com passagem só de ida para um mundo totalmente novo, cada vez mais tecnológico, com mil e uma informações, lives, programas, aplicativos, cursos online, palestras, reuniões… e não para por aí. Quantas vezes você já ouviu ou leu a frase “ não tem como voltar para o mundo de antes, porque ele não existe mais”? Quantos novos convites para lives, cursos onlines e palestras você já recebeu? Eu já perdi a conta.
Somos cobrados diariamente para nos encaixar nesse novo mundo, onde as telas de computadores e celulares passaram a ser a nossa nova morada; tudo é online, é rápido e ao mesmo tempo frio demais. Sinto falta das conversas despretensiosas com as amigas, sem perceber no olhar delas a ansiedade e o medo pelo futuro. Sinto falta de não me sentir culpada por não querer produzir todo dia, por sentir desânimo, de não ter sempre palavras motivacionais para falar ou por não saber com certeza qual caminho seguir. Talvez seja esse o propósito dessa fase. O não-saber.
Indo mais a fundo cheguei à conclusão que embora nossos esforços sejam inúmeros, certas coisas só vão acontecer se tiverem que acontecer. Nada foge do nosso destino, seja bom ou ruim. Realmente não importa a chegada e sim o caminho. Como tem sido o nosso caminhar? O quanto de verdade tem em nossas ações? Será que elas refletem o que estamos sentindo? Ou estamos apenas seguindo o fluxo do novo mundo?
Valorização do tempo na maratona
Depois de uma profunda reflexão, entendi a importância de entender e valorizar o meu tempo. Conseguir respirar no meio de uma corrida de maratona é um desafio, mas acredito que seja esse o objetivo maior. Correr, sabendo respirar ou, até mesmo, tomar a decisão de apenas caminhar.
A escolha é sua e ela tem que ser verdadeira, consciente e sem tortura. Se respeitar é um ato de amor próprio. A ansiedade por estar sempre produzindo, fazendo, agindo, mesmo que a favor de outros, precisa ser administrada com cautela e sempre com verdade. Respirar e pausar é necessário. Embora o mundo nos diga que não temos tempo a perder, a pausa para o olhar interno e se reconectar nunca será em vão.
Em um mundo cheio de opções e informações novas, escolher seu caminho com sabedoria é crucial. É importante que nossas escolhas não sejam pautadas e motivadas por medo, ansiedade ou por uma competição interna de atender e se adequar aos novos padrões. Nem tudo nos serve, nem tudo nos cabe. O mundo pode mudar, mas se por dentro não identificarmos o que é verdadeiro, o que é real, facilmente seremos engolidos ou aceitaremos interpretar um papel que não se conecta com a nossa essência. Não há mudança maior do que a nossa mudança interna.