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Cultura

A fotografia e a alucinação do artista

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Fotografia é o tema de Ricardo Esteves

Um dia desses estava me lembrando de uma das primeiras fotografias autorais que fiz quando cheguei na França. Um querido amigo francês de 23 anos tinha acabado de se suicidar. Nessa época, eu morava na cidade de Poitiers, no sudoeste da França, mas estava em Paris para um trabalho. Acabei passando pela Galeria Laffayette, com suas vitrines iluminadas e senti o impulso de fotografar. Usei um processo específico e o resultado foi imagens abstratas, a primeira da série “Retratos do Inconsciente“. Um pouco mais tarde, percebi a conexão que havia entre essas fotos e a perda do meu jovem amigo. Um dia voltarei a falar sobre isso.

Sem compreender o que tinha acontecido comigo, comecei a procurar respostas. A proprietária da livraria que frequentava em Poitiers era uma pessoa extremamente culta. Ela me aconselhou um livro que havia saído há pouco, escrito pelo historiador da arte J. F. Chevrier, intitulado “Alucinação Artística”. O autor analisa quadros, peças de teatro e filmes, à luz desse conceito. Finalmente, o livro não me trouxe as respostas que eu estava buscando, o universo dos artistas descritos não era próximo do meu. Mas, me apresentou ao conceito da « Alucinação Artística », uma revelação que instigou minha criatividade e será útil, também, para muitos de vocês.

A alucinação

Mas, o que é essa alucinação artística? Tenho falado sobre isso com alguns de meus mentorandos. Não se trata de uma patologia, e sim de um estado paralelo, no qual o artista se coloca e que se superpõe à realidade. O artista que, em 1866, criou e deu nome a esse conceito era um escritor francês muito conhecido: Gustave Flaubert. O escritor do célebre romance Mme Bovary.

Flaubert diz que a alucinação artística é o momento quando «… vê seus personagens, os ouve, quando tudo o que ele imagina, paisagem, ambiente, tornou-se mais presente do que o ambiente em que está. »

Fotografia e alucinação artística. Por RIcardo Esteves.

foto: Ricardo Esteves

É relativamente simples compreender como esse tipo de alucinação é usado por pintores como Salvador Dali, Van Gogh, Pablo Picasso, mas, como ele opera em alguns tipos de fotografia? Dei-me conta que, em algumas fotos minhas, eu usava profusamente a alucinação artística. É o caso, por exemplo, de algumas das fotos da exposição 2VENIR em Paris. Eu vivi essas fotos antes de sua realização. No meu imaginário, via o figurino, o cenário, a iconografia, como em uma peça de teatro. Vejam por vocês mesmos. Esse impulso pela “mise en scène ” foi inspirado pelo grande fotógrafo Jeff Wall.

Enfim, esse é um dos meus processos criativos. Quantos de vocês já usavam esse processo sem que percebessem? Me escrevam para contar suas experiências.

Ademais, leia mais:

Direção de Fotografia, o que é e para que serve? Flávio Ferreira explica.
Fotografação | CRÍTICA
A fotografia e a arte de narrar uma história

 

Cultura

Mostra Arte das Quebradas | Evento gratuito acontece no sábado

A segunda edição da Mostra Arte das Quebradas 2023 acontece no MUHCAB – Museu da História e da Cultura Afro-brasileira

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mostra arte das quebradas perfomance por nos credito Adilene do Carmo

A segunda edição da Mostra Arte das Quebradas 2023 acontece no próximo sábado (25) no MUHCAB – Museu da História e da Cultura Afro-brasileira localizado na Gamboa, a Pequena África carioca.

A programação começa com a Oficina de Isogravura, apresentada pela artista Gravadora Amadora, que integra a exposição coletiva “Trajetórias Contemporâneas”, e será das 14h até 15h30. Na sequência, Cynthia Mattos chega com a Oficina Contando Histórias Memórias e Afetos, das 16h às 18h.

Aliás, se liga nesse podcast a seguir, e segue lendo:

Já para quem ama o audiovisual, a partir das 15h, no Auditório, tem a exibição de “Caminho das Pedras”, da cineasta Sandra Lima e assistência de direção de Paulo Silva.

O público também poderá conferir os curtas de participantes da Oficina de Audiovisual UQ +DOC22 com Paulo Passos, Sandra Lima e Raphael Kepler. Filmes: “Como é que eu devo fazer um muro no fundo da minha casa”, de Laerte Gulini; “Enfeitiçada”, de Paula Carriconde e “Museu é o Mundo”, de Gustavo de Carvalho. Ao final de todas as exibições, Roda de Conversa com os cineastas e o público.

Performances

Ainda por cima, acontecerão diversas performances a partir de 16h30. “Por Nós”, com Jaqueline Calazans, trata da discussão sobre o empoderamento da mulher negra, seu espaço na sociedade e questões sobre a sua visibilidade e também reflete acerca da objetificação dos corpos, pretendendo fortalecer a sororidade feminina no âmbito da etnia. Será apresentada no pátio.

Adeolá Marques e Viviane dos Santos apresentam “Amas de Leite”, com direção de Willian Santiago. Será apresentada no Auditório. E, sem seguida, “Sape”, com o convidado da República Democrática do Congo Thezis Lyindula Lutete (Noir African Thezis), de la SAPE, que é uma cultura, uma arte. SAPE significa Sociedade dos Artistas e de Pessoas Elegantes. Thezis veio como refugiado do Congo em 2015, é ator e performer, atua divulgando sua cultura. Será apresentada no auditório.

Música e Poesia

A partir de 18h tem as apresentações de DJ Marjan e MC Emana com a música e a poesia do Hip-Hop que retratam as questões sociais, de invisibilidade, onde emergem potências que afloram no nosso dia a dia.

Para encerrar o dia, Sarau de Música e Poesia até 20h com Marcio Rufino, Mery Onírica, Lindacy Menezes e Yolanda Soares.

A exposição multilinguagem coletiva “Trajetórias Contemporâneas” poderá ser conferida até o dia 1º de abril, de quarta a sábado, entre 10 e 17h, na Sala Mercedes de Souza, no MUHCAB. A mostra apresenta uma mistura de fazeres artísticos, que contam as trajetórias de multiartistas que utilizam materiais reaproveitáveis para construir suas obras, como uma forma de usar materiais possíveis e reinventar a partir destes. São eles: Gravadora Amadora, Lord, 7Flechas, Thais Linhares e Lourdes Maria.

Por fim, importante ressaltar que toda a programação da Mostra Arte das Quebradas em qualquer um dos dias é inteira gratuita.

SERVIÇO:

MOSTRA ARTE DAS QUEBRADAS

LOCAL: MUHCAB – Museu da História e da Cultura Afro-brasileira

ENDEREÇO: Rua Pedro Ernesto, nº 80 – Gamboa – Pequena África – Rio de Janeiro – RJ

DATA: 25 de março

ENTRADA FRANCA em todas as atividades. Menores de idade acompanhados de um responsável

OFICINAS

14h às 15h30 – Oficina de Isogravura com Gravadora Amadora

16h às 18h – Oficina Contando Histórias Memórias e Afetos com Cynthia Mattos

AUDIOVISUAL – Exibição e debate

15h – “Caminho das Pedras”, de Sandra Lima e assistente de direção: Paulo Silva

Curtas de participantes da Oficina de Audiovisual UQ +DOC22, com Paulo Passos, Sandra Lima e Raphael Kepler

Filmes dos participantes:

“Como é que eu devo fazer um muro no fundo da minha casa”, de Laerte Gulini

“Enfeitiçada”, de Paula Carriconde

“Museu é o Mundo”, de Gustavo de Carvalho

PERFORMANCES

16h30

“Por Nós”, com Jaqueline Calazans

“Sape”, com o performer convidado do Congo, Noir Africain Thezis

“Amas de Leite”, com Adeolá Marques e Viviane dos Santos

MÚSICA E POESIA

18h

DJ Marjan e MC Emana

Sarau música e poesia com Marcio Rufino, Mery Onírica, Lindacy Menezes e Yolanda Soares.

VISITAÇÃO DA EXPOSIÇÃO “TRAJETÓRIAS CONTEMPORÂNEAS”, de quarta a sábado, das 10h às 17h (até 1º de abril).

Por último, leia mais:

Muco | Documentário mostra contradição na tradição indiana (viventeandante.com)

Andança – Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho | Crítica (viventeandante.com)

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